20 anos de Pokémon e eu ainda quero ser um mestre


Falar de Pokémon é como embarcar numa viagem rumo ao final dos anos noventa, uma época onde não tínhamos Facebook e nem o Orkut. Foi um período que vivi intensamente e onde conheci a maioria dos desenhos e séries que sou apaixonado até hoje.

Meu primeiro contato com Pokémon foi quando eu tinha sete anos apenas, minha paixão naquela época eram dinossauros e Power Rangers, nunca um desenho havia me cativado a ponto de me deixar tão envolvido e virar fã. Mas foi em um dia qualquer no extinto programa da Eliana que eu assisti o episódio "Pokémon, Eu Escolho Você".

Meus olhos ficaram vidrados na telinha e minha imaginação não parava de trabalhar. Quem nunca sonhou em realmente ser um mestre Pokémon de verdade? Para você ter ideia de como aquilo me envolveu, eu comprei um VHS (na verdade meu pai comprou) que tinha uma capa de papelão com o primeiro episódio apenas que revi dezenas de vezes.

Lembro que Pokémon virou uma febre na escola onde estudava, a maioria dos meus amigos que tinham maior poder aquisitivo já tinham vários bonecos do Pikachu nas mais variadas formas, eu por outro lado tive que me contentar com um Pikachu de borracha que quando eu apertava ele imitia o mesmo som daqueles bonecos de plástico para crianças menores. Só futuramente vim a ganhar um Pikachu que se transformava numa Pokébola e outro de Pelúcia que você pode ver na foto abaixo.

Esse sou eu quando comecei minha coleção de Pokémon, que saudades! - Foto: Mega Hero
Além dos bonecos, várias empresas surfaram no sucesso da marca. Você podia encontrar de tudo: camisas, adesivos, cadernos, CD com músicas brasileiras (quem nunca tentou cantar o RAP de Pokémon?), Tazos e Cards que vinha nos salgadinhos da Elma Chips dentre outras coisas. Você tinha que ser muito rápido para acompanhar todas as novidades.

Quando a série começou a fazer sucesso (e acredite isso foi muito rápido), a única forma de ficar atualizado era comprando a famosa revista Pokémon Club que vinha recheada de curiosidades e com os episódios transformados em histórias em quadrinhos. Foi lá que "assisti" os episódios banidos de Pokémon, onde ganhei um pôster com os 150 primeiros monstrinhos e descobri que a animação era derivada de um jogo. Meu mundo caiu no momento que descobri que existiam games de Pokémon, eu precisava jogar mas não sabia como. Eu torcia para que os meus pais comprassem para mim um Game Boy que era uma ostentação em uma época onde o único console portátil que eu conhecia era aquele que tinha 9999 jogos.

No meu aniversário de dez anos ganhei de presente um Game Boy Color de cor azulada e uma fita de Pokémon Yellow. Naquela altura eu já sabia do que se tratava o jogo, porque lia incansavelmente as revistas da época e pude experimentar as versões anteriores no emulador de um vizinho. Detalhe, o emulador que eu usei podia colocar vários códigos de trapaça para aumentar o level do seu Pokémon e fazer outras bizarrices.

Pokémon Yellow, minha primeira fita da franquia - Foto: Reprodução internet

Pokémon Yellow foi um vicio instantâneo! Não conseguia desgrudar da tela por um segundo e nem mesmo no dia do almoço do meu aniversário no extinto shopping Aeroclube em Salvador eu consegui pensar em outra coisa a não ser jogar. Eu estava na cidade de Pallet com meu primeiro Pokémon e tinha que pegar as oito insignias, tinha algo mais interessante? Desculpe macarronada mas você perdeu para Pikachu e companhia.

"Zerar" Pokémon Yellow não foi tão difícil assim, seria mentira esconder que pesquei algumas dicas de como encontrar determinado item ou como evoluir um Pokémon nas revistas especializadas da época, mas isso não tirou o brilho do jogo. Vale lembrar também de outras novidades que foram lançadas no ano 2000, época onde Pokémon ficou mais popular. A primeira delas foi a linha de miniaturas lançadas pelo refrigerante Guaraná Caçulinha que seguiu na cola do lançamento de "Pokémon - O Filme" lançado no dia 07 de Janeiro do mesmo ano. Na escola eu tentava trocar as miniaturas repetidas com outros amigos e torcia para tirar um Mewtwo que era uma lenda. Não lembra do refrigerante? Olha o comercial ai.



Vamos falar de cinema agora? Pokémon O Filme foi sucesso absoluto quando lançou, adorava a música de abertura com a voz do falecido Mano Júnior, até hoje me pego escutando ela no You Tube. E não adianta esconder que tanto eu quanto você foi mais de uma vez assistir o longa por causa dos cards que vinham quando você comprava o ingresso. Depois de sair dos cinemas comprei o VHS (que também vinha com um card) para rever dezenas de vezes e tentar descobrir o que diabos era o Pokémon "misterioso" que aparecia no inicio do filme lutando contra Ash.

Ainda tenho alguns desses, você lembra? - Foto: Reprodução internet

Naquela altura no Japão (eu presumo), a Game Freak (produtora responsável pelos jogos junto com a Nintendo) estava se preparando para lançar a segunda geração dos monstrinhos de bolso. Me recordo de criar várias teorias em cima do que estava por vir e que todas elas foram abaixo quando a Pokémon Club começou a falar da nova fase de Pokémon e revelar que dois novos games estavam para ser lançados: Pokémon Gold e Silver.

Infelizmente não tive a oportunidade de ter os dois jogos, mas consegui sentir um gostinho quando alguns amigos do meu condomínio emprestavam pra mim. Queria muito jogar com o Lugia, principalmente depois ter assistido Pokémon 2000. Mas minha chance de conhecer os Pokémons da segunda geração chegou quando ganhei de presente o cartucho brilhante de Pokémon Crystal.

Pokémon Crystal é o meu game favorito de todos, acredite se quiser eu guardo meu save até hoje na fita. O interessante do jogo é que pude transferir alguns dos meus favoritos de Yellow para a nova versão. Meu Gengar me ajudou bastante para capturar os cães lendários e meu Mewtwo ganhou um novo visual quando foi transportado para Crystal, nossa que saudades. Infelizmente, naquele período eu vi Pokémon esfriar um pouco na televisão e nas bancas de revistas e aos poucos meus amigos começaram a se distanciar do jogo e da série de TV e eu fiquei sozinho com minha equipe que tinha um Dragonite, Gengar, Feraligatr, Suicune, Celebi e Charizard. Não tinha mais com quem jogar e meu cabo link ficou enferrujado.

Minha fita favorita e meu Game Boy - Foto: Mega Hero

Nos anos seguintes a paixão que eu tinha não era a mesma comparada aos anos de ouro da franquia, mas ainda pude assistir os últimos filmes lançados nos cinemas brasileiros e acompanhar episódios esporadicamente no Cartoon Network. Não tive Game Boy Advance para jogar Ruby e Saphire e tive que me contentar com o emulador Visual Boy Advance até conhecer um amigo no ginásio do colégio que me emprestou por alguns dias o Advance e os jogos.

Com o tempo avançando tornei do emulador um forte aliado para conhecer as novas versões, infelizmente só consegui jogar até o Nintendo DS, não tinha emulador para 3DS (pelo menos até onde eu pesquisei). Os mais novos Pokémon X e  Pokémon Y joguei também graças a amigos próximos que conheci quando fundei o site Mega Hero. Fiquei morrendo de vontade de comprar os jogos mais recentes, mas acabei colocando outras prioridades na frente e não levei Xerneas e Yveltal para a casa.

Quando me dei conta que Pokémon ia completar 20 anos em 2016, a idade bateu nas costas e todas as memórias da infância vieram à tona e por consequência me fizeram escrever esse texto. Ainda fui pego de surpresa com o lançamento de dois novos jogos (Pokémon Sun e Pokémon Moon) que serão lançados este ano e senti vontade mais uma vez de iniciar a jornada para ser um mestre Pokémon.

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