Batman trás uma nova versão do personagem inspirado em filmes como Se7en e Zodíaco

Após quase um ano de atraso, devido a pandemia do COVID-19, finalmente o novo Batman de Matt Reeves chegou aos cinemas e trás um novo ponto de vista sobre esse herói que é tão icônico, seja nos quadrinhos, séries, animações ou no cinema. 

A nova interpretação do herói apresenta elementos que remetem mais aos quadrinhos, apesar de ainda manter os pés no chão e não entrar no lado fantasioso do personagem, com sua galeria de vilões tendo os mais diversos e loucos indivíduos. Batman é um realismo que funciona e é muito bem executado. 

O novo filme acompanha o segundo ano de Bruce Wayne (Robert Pattinson) no papel de Batman. Ele já é conhecido e temido em Gotham, seja pelos ladrões de rua ou até mesmo pelo Departamento de Polícia da cidade, que vê no herói um vigilante que deve ser levado a justiça a todo custo. Dentro deste cenário somos apresentados a serial killer que está espalhando sua vingança pela cidade: Charada (Paul Dano). A partir de seus enigmas, o vilão coloca Bruce, que é ajudado em alguns momentos por Alfred (Andy Serkins), e Jim Gordon (Jeffrey Wright) em um jogo de gato e rato para evitar que os assassinatos de figuras importantes se espalhem pela cidade e com isso, um terrível segredo seja revelado. A medida que a história avança e vai ficando mais sombria, somos apresentados a outras figuras conhecidas na mitologia do herói: a ladra Selina Kyle (Zoë Kravitz), o gangster Pinguim (Collin Farrel) e o chefe de uma grande família de mafiosos, Carmine Falcone (John Turturro). Todos esses personagens se entrelaçam em uma teia de se espalha pela cidade e mostra que de fato Gotham não é uma cidade boa.

Uma forma de definir bem o que é Batman é dizendo que o filme pega elementos de Batman: Ano Um e Ano Dois, Batman: Terra Um,  mistura com O Longo dia das Bruxas, e bate no liquidificador ao lado de Se7en e Zodíaco. Reeves trouxe o elemento noir presente em várias histórias do personagens e misturou com o melhor que temos de filmes de serial killers e investigação, resultando em um trabalho e abordagem do personagem que estava faltando ser mostrada no cinema. O enredo te prende desde o começo, mesmo você sabendo quem é o assassino, ainda sim somos instigados a descobrir mais, como suas motivações e o que ele realmente quer. Tudo é muito bem pensado e entrelaçado, criando uma montanha russa que altera entre momentos de ação e momentos mais calmos, e que são bem importantes para a trama. 

No quesito atuações, não tem do que reclamar. Pattinson veio e provou que está a altura de ser o novo Batman, nos apresentando uma versão mais raivosa e vingativa, que deixa de lado sua persona de Bruce Wayne afim de viver como Batman na maior parte do tempo. Algumas pessoas podem estranhar isso, porém é interessante ver que esse filme é mais sobre o Batman do que sobre Bruce, que é algo que acontece em outras versões do personagem, onde temos mais do Bruce do que do Batman. É interessante ver que aqui Bruce não se importa com seu império, que ele ainda é atormentado pela morte dos pais de uma forma que precisa extravasar isso de diversas maneiras. O Batman é a persona principal, enquanto Bruce é seu disfarce para o mundo.

Os outros membros do elenco também estão muito bons, porém vale destacar que o Charada de Paul Dano e o Pinguim de Collin Farrel roubam as cenas em alguns momentos. É aterrorizante ver Dano dando vida a um vilão que se tornou, em certa forma, sinônimo de comédia, mas que aqui é apresentado como um serial killer sádico e sem remorsos. Foi uma ótima escolha de elenco. Já Farrel está irreconhecível como Pinguim, graças a um excelente trabalho de maquiagem por parte da equipe técnica. 

Zoë, Jefrrey e Serkins também estão muito bons e cada um tem seus momentos de brilhar, sem ofuscar uns aos outros. Esse é um ponto importante do filme. A história é sobre o Batman e mesmo com grandes atuações do elenco, o personagem principal não fica ofuscado, ele é impulsionado. 

Toda a parte técnica do filme também está impecável. A fotografia, trilha sonora e coreografias foram muito bem executadas. A escolha da cor vermelha combina com o filme e trás uma atmosfera ainda mais noir para a produção, fazendo com que o telespectador tenha uma sensação maior de claustrofobia ao acompanhar algumas cenas. A interpretação de Gotham de Reeves lembra demais a cidade dos jogos da franquia Arkham, onde o velho e o novo se misturaram e trazem uma nova imagem a essa tão icônica cidade. Neon é a melhor palavra para descrever essa Gotham.

Batman excede as expectativas ao mostrar uma nova forma de se contar uma história que já é conhecida. O maior detetive do mundo começa a trilhar seu caminho para se tornar o guardião de uma cidade que está fadada ao caos e a loucura. Tudo que nos resta agora é saber como essa mitologia será explorada ainda mais nas sequências e nas séries para o HBO Max. E não fiquem surpresos se o filme for indicado, e ganhar, alguns Oscars em 2023. 

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