Morbius é uma simples história de vampiro com um objetivo claro

Já bem incorporado no Universo Cinematográfico da Marvel (MCU), o Homem-Aranha já conta com 3 filmes solos e possivelmente uma nova trilogia ainda por vir, o que apenas serviu para motivar cada vez mais a Sony para produzir outros projetos que adaptam os quadrinhos do herói. O Aranha, que detém um dos maiores rols de vilões dentre todos os super-heróis, tem inimigos suficientes para aparecerem em seus próprios filmes, assim como em produções paralelas, e é exatamente nisso que a Sony aposta.

Após o sucesso de Venom, a produtora continua em sua empreitada com o lançamento de uma adaptação do Morbius, um vilão do Aranha que não é dos mais conhecidos, mas para quem assistiu a série animada dos anos 90 ou jogou alguns dos jogos da Marvel (fora os leitores das HQs, claro) definitivamente já está bem familiarizado com o personagem. Michael Morbius é um bioquímico que se torna um ''quase-vampiro'' ao receber suas habilidades de um experimento falho e acaba virando um dos vilões do Aranha com sua aparência e habilidades vampíricas. Assim como outros personagens, a história do antagonista tem várias reviravoltas e ele acaba virando um anti-herói e o longa tira bastante inspiração disso.

Produzir uma história em cima de um protagonista inteiramente mau nem sempre é uma estratégia que acaba sendo bem aceita pelo público e, por isso, a Sony seguiu pela linha de fazer de Morbius um anti-herói nessa nova adaptação, o que acabou funcionando bem em termos de construção da trama. Vemos um jovem Michael lutando contra uma doença de sangue desde pequeno e o laço que ele constrói com Lucien, ou Milo, que sofre do mesmo mal que ele. O vínculo entre os dois permite que ambos batalhem contra a doença até a vida adulta, quando Michael resolve misturar DNA humano com DNA de morcegos, o que o leva a uma mutação e o transforma em um vampiro que precisa continuar a beber sangue para sobreviver.

Por mais que o protagonista vire um monstro, a história foi bem construída para que seja fácil de simpatizar com Michael, e Jared Letho interpreta a dinâmica do médico e o monstro bem o suficiente para deixar o bizarro vampiro carismático. Por outro lado, Milo recebe o manto do vilão da trama e, por mais que ele seja exageradamente excêntrico na interpretação de Matt Smith em vários momentos, ele contracena bem com o mais calmo Morbius, que luta contra sua sede de sangue e qualquer chance de machucar inocentes. 

Ainda assim, existem alguns problemas bem evidentes no longa, sejam os cortes abruptos possivelmente feitos para diminuir o tempo de tela, ou a batalha final demasiada longa e injustificada, depois de vermos pouco de Morbius em luta ao longo do filme. O embate entre Milo e Michael poderia ter se estendido mais ao longo da trama, ao invés de um confronto final tedioso. 

Um outro ponto é que a trama é simples, mas isso não é necessariamente um problema. Há em Morbius uma história de vampiro que se sabe exatamente onde começa e onde vai terminar. O que ocorre é que assim como a simplicidade, a previsibilidade também é muito mal vista nos dias de hoje. Há um movimento dos críticos e alguns espectadores de se esperar que todo filme ou série seja uma grande obra prima, e Morbius, assim como diversos outros projetos, não tem essa premissa. A simplicidade da história desse quase-vampiro acaba contribuindo para que um roteiro mais fraco alcance seu objetivo de entreter e Morbius é um longa que conta sim com seus erros, mas alcança um dos principais objetivos do cinema, que é entreter. 

Isso não implica que Morbius vai entreter a todos, e nem deve, mas é importante que produções cinematográficas (e seriados) não sejam sempre categorizados em uma realidade onde um projeto é excelente, ou péssimo. Pessoalmente, Morbius está mais no meio dessa categorização, mas ganha pontos por ser, em sua maioria, uma história mais fechada dentre esse mar de universos compartilhados em que vivemos hoje. Há, obviamente, ressalvas a isso com uma breve referência a Venom, assim como a cena pós-créditos que é o grande link com o que a Sony vem construindo em parceria com o MCU. 

Após Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, várias portas se abriram (figurativamente e literalmente) e veremos ramificações disso nos futuros projetos da Sony. Há agora uma ligação direta para os vilões do MCU, como também o retorno dos Aranhas de Andrew Garfield e Tobey Maguire, com um destaque para o Aranha de Andrew que muito possivelmente aparecerá nesses novos projetos da produtora.

Mesmo com reações diversas do público, o retorno de Morbius aos cinemas deve acontecer, mas caso isso não venha a ocorrer, pelo menos o grande público foi introduzido a mais um dos inúmeros vilões do Homem-Aranha.

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