Doutor Sono é uma competente e instigante sequência de O Iluminado


Poucas adaptações de Stephen King conseguem ser lembradas depois de muitos anos, O Iluminado de Stanley Kubrick é uma delas.

Criador de grandes obras literárias, Stephen King é um recordista em adaptações de seus livros para cinema e televisão. Em meados dos anos 80 e 90, diversas produções do escritor ganharam vida nas mãos de renomados diretores como Brian De Palma, John Carpenter e Kubrick. Claro que nesse período também colecionamos adaptações esquecíveis para não dizer lastimáveis.

Encabeçando o "panteão" de filmes bem sucedidos com o público e crítica, apesar de não ter agradado Stephen King, está O Iluminado (The Shinning no original), adaptação do homônimo livro centrado no personagem Jack Torrance que começa a ser perturbado mentalmente por seres do outro mundo.

O livro ganhou uma sequência em 2013 intitulado "Doctor Sleep" e agora seis anos depois chegou a vez de Mike Flanagan (Absentia e Ouija: A Origem do Mal) trazer sua visão da sequência de O Iluminado.

Danny precisa encarar os fantasmas do passado e enfrentar um novo inimigo - Foto: Warner Bros.

Um grande trabalho pela frente

Doutor Sono teve dois grandes desafios: Se manter fiel à obra original ao mesmo tempo que é uma sequência do longa de Kubrick, visto que boa parte do público está fielmente agarrada ao filme dos anos 80. Flanagan consegue passar nessa prova e entrega um filme de terror autêntico e enraizado à narrativa do livro.

Na trama somos apresentados a Danny Torrance (Ewan McGregor), que depois de ter lidado com os fantasmas do seu passado, precisa lidar agora com seus vícios no alcoolismo. Danny parte para uma cidade isolada onde recomeça a sua vida, porém começa a receber visitas paranormais da jovem Abra (Kyliegh Curran) uma iluminada assim como ele que acaba se envolvendo com o grupo Nó, uma gangue que se alimenta dos poderes dos iluminados liderada por Rose (Rebecca Ferguson).

O longa consegue prender a atenção do espectador com suas grandes sequências de suspense somadas a uma atmosfera de incertezas. As ligações com a primeira parte são bem sutis e ajudam a situar quem está em uma "primeira viagem". Vale ressaltar que a direção de Flanagan consegue fazer com que Doutor Sono funcione como um filme solo.

Um terror diferente

O teor de Doutor Sono difere bastante de filmes que abordam temas que envolve "Espiritos". O diretor optou por menos jumps scares e apostou em sequências com tensões (como dito acima). O grande destaque fica por conta das cenas com Abra, Rose e Danny usando seus poderes. Momentos que realmente chamam a atenção devido aos efeitos práticos e especiais que conseguem trazer o que seria inexplicável, para os olhos humanos.

Rose (Rebecca Ferguson) lidera a gangue Nó, que está atrás dos Iluminados - Foto: Warner Bros.

Algo que merece ser destacado também é a sutileza em abordar temas como morte e mediunidade, que comumente são retratados nessas obras de forma efêmera e sem aprofundamento. Os momentos de Danny com os pacientes terminais são extremamente profundos e podem emocionar de formas diferentes.

No fim Doutor Sono surpreende com uma fantástica jornada ao desconhecido e intrigante universo dos Iluminados, ao mesmo tempo que abre portas para infinitas possibilidades e homenageia a obra original sem se pautar na nostalgia. Provavelmente mais uma adaptação de Stephen King que ficará marcada para sempre.

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