Zumbilândia: Atire Duas Vezes mantém a estética do original em uma nova aventura


Muitas sequências acabam sendo apenas uma cópia do original. Através delas, se busca conquistar o público com fórmulas, piadas e tramas que funcionaram em um primeiro momento e que se espera que atinjam novamente o mesmo objetivo. O problema é que na grande maioria dos casos, as sequências falham em reproduzir o sucesso alcançado no lançamento original, virando apenas versões diluídas do que deveriam ser as suas inspirações, os pontos de partida para se trabalhar algo novo.

Zumbilândia: Atire Duas Vezes é um balanço perfeito dessas duas questões. Enquanto mantém várias das piadas e estética do primeiro longa, consegue atualizar o humor e mostrar um desenvolvimento dos personagens desde que os vimos 10 anos atrás.

Os quatro protagonistas seguem juntos, mas suas relações estão desgastadas pelo período cômodo que tiveram na segurança da Casa Branca. Columbus (Jesse Eisenberg) e Wichita (Emma Stone) estão em um ponto onde sua relação mais parece um fruto da conveniência e falta de opções, enquanto Tallahassee (Woody Harrelson) continua com seus jeitos, que agora incomodam Little Rock (Abigail Breslin), enquanto ela deseja apenas estar com outras pessoas da sua idade. O tédio e a calmaria levam Wichita e Little Rock a abandonar a Casa Branca e procurar a sua aventura própria.

Columbus, Tallahassee, Wichita e Little Rock se reúnem em meio a um ataque de uma horda de zumbis - Foto: Reprodução internet

Toda a questão do apocalipse e do mundo tomado por zumbis é tomada de forma bem acessória no longa e isso é tido de forma bastante natural pelos protagonistas. A própria trama trata os zumbis mais como elementos da cultura pop do que um real problema, dando nomes para cada tipo de zumbi e os tratando da maneira mais clichê possível. E isso não é algo ruim. Um dos pontos fortes da franquia é explorar clichês e trabalhar com o humor a partir deles.

A subtrama na qual existe um ranking que categoriza as melhores mortes de zumbis é bastante divertida e criativa, mantendo-se paralela à trama principal, assim como várias outras subtramas como as excessivas regras de Columbus e adoração de Tallahassee a Elvis. Tudo isso é bem amarrado pelo roteiro e cada ponto trazido nessas narrativas paralelas é pago em algum momento.

O fato do filme não se levar a sério é um dos fatores determinantes para fazer com que ele funcione. Enquanto espectador, não me preocupei com o apocalipse zumbi, mas sim com  o humorístico relacionamento dos protagonistas e das suas interações sarcásticas.

Mas tudo isso já estava no primeiro longa. Inclusive, Atire Duas Vezes mantém muito da estética de 2009. O que ele conquista como uma sequência é atualizar o humor para que em 2019 seja algo divertido e que ressoe com o período atual.

Madison, a mais nova integrante do grupo, mostra toda a sua inteligência - Foto: Reprodução internet

Os elementos do filme de 2009 servem mais como homenagens do que uma reutilização barata, enriquecendo o cínico cenário a que somos apresentados e se sustentando bem com a apresentação dos novos personagens. Tanto as versões alternativas de Columbus e Tallahassee, quanto o clichê da patricinha burra, que, por sinal, é uma das melhores personagens, tem uma ótima química com os protagonistas.

Por mais que tenha sim alguns repetições e momentos desnecessários, essa é uma sequência que funciona e que poderia muito bem ter saído 8 anos atrás e funcionado com o humor da época, mas a questão importante é que a sequência respira muito bem nos tempos atuais.

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