Homem-Aranha: Longe de Casa evidencia a timidez da Marvel em trazer o amigo da vizinhança


A Marvel se consolidou na última década com filmes que marcaram uma ou duas gerações transformando personagens desconhecidos em ícones da cultura pop.

É inegável dizer que a Marvel Studios trouxe todo um novo estilo de assistir filmes de super heróis nos cinemas. Personagens emblemáticos como Capitão América ganharam uma nova cara e até mesmo os mais desconhecidos do grande público como Homem de Ferro, acabaram tornando-se símbolos de uma geração.

No meio dessa "tonelada" de longas da Casa das Ideias, a empresa conseguiu recuperar o Cabeça de Teia e desde sua ponta em Guerra Civil, continua cativando o público. A nova versão do Homem-Aranha com Tom Holland interpretando o Peter Parker deixa de lado a cara "adulta" dos seus antecessores e aposta em conquistar um público mais juvenil, mas será que mesmo com essa mudança conseguiram manter a essência do personagem?

Peter forma uma aliança com Beck, o Mysterio - Foto: Marvel Studios

Homem-Aranha: Longe de Casa tem como papel mostrar os eventos após Vingadores: Ultimato. Como a humanidade reagiu ao estalo e como as vidas das pessoas mudaram após o grande encontro com Thanos. Em paralelo temos Peter Parker abalado pela perda do seu tutor Tony Stark enquanto tenta levar uma vida comum com seus amigos e sua tia.

A trama do longa, tira o amigo da vizinhança das ruas de Nova Iorque para um tour na Europa com muita comédia, romance e a presença de um personagem enigmático, Mysterio. Peter é rapidamente convocado por Nick Fury (Samuel L. Jackson) para conter uma ameaça diferente ao lado de Beck (Jake Gyllenhaal) que afirma ter vindo de outra dimensão, enquanto tenta levar uma vida normal e conquistar MJ (Zendaya) durante essa viagem.

Romance de MJ e Peter conduz boa parte da história - Foto: Marvel Studios

O filme dirigido por Jon Watts que assumiu também a cadeira da primeira parte segue a mesma estética dos longas anteriores da empresa. A trama é coesa e consegue entregar uma história convincente com boas pitadas de humor e um romance que deve chamar atenção do público mais novo.

Longe de Casa apesar de ter um roteiro convincente e efeitos especiais de ponta, carrega um grande problema: Um Peter Parker perdido em seu próprio personagem. Ao longo das duas horas Watts tenta atribuir a Parker características de Tony Stark, o que faz com que o filme soe mais como uma continuação de Homem de Ferro do que Homem-Aranha. Por mais que o Aranha reforce que não quer ser um novo Homem de Ferro, a trama caminha para um ponto que é completamente oposto. E o que deveria ser um filme de evolução do personagem fica inconsistente pela insistência do roteiro em optar por evocar a persona de Stark.

Não apenas isso, há uma evidente desconstrução do "Herói Homem-Aranha" para mais um herói genérico. Todas as características que o tornaram tão popular foram ignoradas. O ousado Aranha com doses de humor e com uma das mais tocantes histórias de fundo, teve todas as motivações voltadas ao Vingador mais famoso dos cinemas.

Mysterio segue como um dos personagens mais interessantes do filme mesmo não tendo uma relação direta com o protagonista. As cenas de combate com Beck parecem painéis de quadrinhos que podem ser apreciados por vários minutos, uma pena as cenas serem tão breves.

No final a sensação é que o Homem-Aranha balançou suas teias e não foi para nenhum lugar. Essa é a quinta aparição do personagem no MCU e a impressão que é deixada é que o personagem não vai para lugar algum. Nem mesmo o carisma e força de vontade de Tom Holland me fazem acreditar que estamos assistindo o Homem-Aranha.

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