Short Treks traz frescor a Star Trek Discovery


A nova encarnação da criação de Gene Roddenberry estreou no segundo semestre de 2017. Star Trek Discovery chegou para acalentar os corações e as mentes dos fãs pelo mundo. Porém, precisaria executar duas missões importantes: retornar ao universo das séries e atualizar a linguagem de Star Trek para o público que as consome atualmente. Conseguir conciliar a tradição com inovação é tarefa difícil.

Ao longo da primeira temporada ficou perceptível o aumento da qualidade de produção, os episódios de Discovery não ficavam devendo nada, em termos visuais, para os longas hollywodianos. No entanto, uma série de mudanças deixaram os fãs mais antigos descontentes. Toda a atualização visual e funcional de tecnologias das naves; uniformes que não correspondiam com o momento histórico que a série se passava; redesenho visual e comportamental de raças, inclusive jogando fora o retcon feito em Star Trek Enterprise em relação ao visual dos Klingons; a série Star Trek acompanhar a história de uma personagem que não era capitã, etc.


A maioria das mudanças que desagradaram os fãs foram toleradas ao longo do tempo, afinal temos que comemorar o retorno de Star Trek ao mundo das séries. Mas, uma mudança criou um maior estranhamento: o formato da temporada passou a ser de arco fechado de 15 episódios, conduzidos pela história da personagem Michael Burnham. Além disso, a execução preguiçosa de uma parte da temporada deixou o público desconfiado. Onde estariam os episódios memoráveis com histórias fechadas? Eles teriam um lugar em Star Trek Discovery?

Para surpresa de todos foi anunciado na San Diego Comic Con de 2018 a produção de 4 episódios de 15 minutos, que seriam exibidos antes da estréia da segunda temporada, batizados de Short Treks. Cada episódio teria o foco no desenvolvimento de um personagem. Em Runaway, Sylvia Tilly se depara com um intruso na Discovery. Em Calypso, acompanhamos Zora, a inteligência artificial de Discovery,  mil anos no futuro, interagindo com um sobrevivente. Em The Brightest Star, Saru está em seu planeta natal indagando as tradições de seu povo e em The Escape Artist, Harry Mudd se encontra capturado por um caçador de recompensas.


É interessante constatar o crescimento de Tilly em Runaway. Em meio ao programa de treinamento para o comando. Tilly precisa superar suas inseguranças e resolver de maneira cuidadosa a presença de um intruso na nave. Ao conduzir a situação com a fugitiva de um planeta, mostrando para ela que é preciso encarar as suas responsabilidades, que fugir e desistir é o oposto do que ela precisa fazer no momento. Tilly percebe que também encontrou suas respostas, apesar da vontade de fugir ela também precisa encarar esse novo desafio e lutar para conquistar o que acredita.

Aparentemente Sylvia Tilly tem um lugar reservado ao longo das temporadas de Star Trek Discovery. O desenvolvimento da personagem nos deixa mais interessados em saber se ela algum dia será capitã de uma nave da Federação. Inclusive, nos pegamos em diversos momentos mais interessados em acompanhar sua jornada do que a de Michael Burnham.


Pelo menos ficamos sabendo que a Discovery estará bem e aperfeiçoada com uma inteligência artificial encantadora em Calypso. Mil anos no futuro, nós acompanhamos  o relacionamento de Craft com Zora. Ao cuidar de um sobrevivente, Zora nos mostra toda sua humanidade. Nesse sentido, o episódio nos põe a pensar sobre o conceito de humano. Fica evidente que Zora alcançou uma humanidade. Talvez esse conceito terá de ser ampliado no futuro.

O episódio é cheio de referências à outras obras da humanidade. Típico de um episódio memorável de Deep Space Nine, onde Capitão Sisko se perde no tempo e seu filho passa a vida tentando recuperá-lo. Calypso traz exatamente a qualidade que esse tipo de formato pode oferecer: uma bela história com diversos níveis de camadas.


Indo do futuro para o passado, em The Brightest Star, Saru está desconfortável com a situação de seu povo. Periodicamente ele assiste grupos serem levados por uma espécie de entidade. Aparentemente ele é o primeiro de sua raça a questionar os rituais e pesar que não é preciso ter medo do desconhecido. Seus sentidos e sua curiosidade são aguçados pelo enigma da situação. No entanto, ele está em conflito com sua família, pois eles acreditam piamente nas tradições e aceitam e justificam a morte de seus semelhantes.

Saru sente que nas estrelas estão as respostas que ele precisa, elas não representam medo ou ameaça, elas representam esperança. É interessante ver o funcionamento da cultura do povo de Saru, seu planeta e seus costumes. Mas, uma importante diretriz da Federação é quebrada nesse episódio. Será que Saru terá um papel importante nas demais temporadas de Discovery. pois eles abriram uma exceção para aceitá-lo.


O que dá para aceitar tranquilamente é a interpretação de Rainn Wilson como Harry Mudd. Ficamos impressionados como ele conseguiu entregar o papel e fazer com que esse personagem se encaixasse no universo de Discovery. Inicialmente era um desafio incluir esse tipo de personagem da série clássica em um tom mais dramático e sombrio. Porém, precisamos reconhecer como ficou divertido e crível a existência de Mudd em Discovery.

O episódio The Escape Artist é digno da inventividade do personagem, com diversas histórias mirabolantes sobre a vida de Mudd, acompanhados de uma excelente reviravolta. Além disso, é possível ver um determinado momento uma réplica da antiga roupa que o personagem usava na Série Clássica.


Esperamos que os produtores de Star Trek Discovery anunciem mais episódios nesse formato, ficou evidente que é possível trabalhar com essas duas linguagens, trazendo para nós histórias divertidas, dramáticas e o desenvolvimento de personagens, que possivelmente, não serão tão desenvolvidos na trama da temporada principal. Fica a sugestão de ter 15 episódios de 20 minutos de Short Treks nos hiatos entre temporadas.

Os Short Treks estão disponíveis na Netflix na sessão trailers de Star Trek Discovery. Esperamos que eles ajustem isso e coloquem em evidência na plataforma. No vídeo abaixo você também pode conferir a resenha do primeiro episódio da segunda temporada de Star Trek Discovery.


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