Crimes de ABC é uma minissérie surpreendente e íntima sobre Hercule Poirot


Sua otaku de Agatha Christie chegou! Mas sério, se eu ainda não consegui inspirar nenhum de vocês a procurar a Rainha do Crime, estou falhando miseravelmente como produtora de conteúdo.

Para quem prefere assistir do que ler, o que não é muito meu caso, apesar de me entreter também, temos materiais como filmes e séries. Alguns deles recentes como O Assassinato no Expresso Oriente e agora uma série de um de seus renomados romances Os Crimes de ABC.

Dividido em três partes, Os Crimes de ABC contam um caso do já aposentado Hercule Poirot (John Malkovich), que começa a receber misteriosas cartas assinadas por A.B.C. indicando como irá realizar seus próximos assassinatos e dando uma pista de possíveis lugares.

O Poirot deste filme é bastante diferente do que geralmente vemos retratado nas produções áudio-visuais, orgulhoso, sabichão e ativo. Nesta produção, Poirot se vê sozinho, abatido e esquecido.

A trama foca bastante em momentos de flashback contando sobre o passado do detetive belga e temos momentos no presente, em 1933 e no seu passado, antes de se refugiar na Inglaterra. Nesta história viajamos na história de Poirot e nos sentimos mais íntimos dele.

Este é um caso sem o famoso Inspetor Japp, da Scotland Yard e companheiro de Poirot em muitos dos casos, o Inspetor foi substituído por um pupilo, o Inspetor Crome (Rupert Grint) teimoso, lento e com sérios problemas com relação a Poirot.

Rupert Grint como Inspetor Crome. Foto: BBC

Para o total desprazer de Crome, o crime tem ligação direta com Hercule Poirot sendo este seu personagem principal. Assim, o policial vê-se forçado a cooperar com o detetive para capturar quem quer que esteja por trás de tantas atrocidades.

O interessante em Os Crimes de ABC é observar mais uma vez o ardiloso uso dos conhecimentos de Christie nas construções de seus mistérios. Curiosamente, o assassino apenas mata pessoas cujos nomes e sobrenomes começam com a mesma letra e realiza seus assassinatos em locais que também tenham esta letra inicial.

Além disso, a autora brinca com o leitor, e a série reproduz muito bem isso, sobre quem é o verdadeiro assassino. Toda narrativa te leva para uma linha de raciocínio, para descobrir apenas o quão errado estávamos.

Esta série fala sobre um processo muito particular do personagem principal ao tentar se reerguer e se reencontrar, de reganhar confiança em suas habilidades, mesmo cercado por descrenças, xenofobia e desrespeito.

Devo confessar para vocês que esta não é minha representação favorita do detetive belga. Mesmo que a série faça jus à história, ver um Poirot tão humilhado e sem esperanças me dói o coração. Para mim o personagem sempre foi um sinônimo de força, sarcasmo, inteligência e respeito. Vê-lo tão diminuído em foi uma experiência definitivamente diferente e que o ator John Malkovich interpretou magnificamente.

Poirot e Crome em Doncaster investigando um dos crimes. Foto: BBC

Destacando o novo Inspetor Crome, interpretado por Rupert Grint, um ator que gosto muito e que cresceu no meu conceito depois desta série, já que conseguiu perfeitamente passar o quão cabeça dura, mal educado e limitado seu personagem é, chegando a me fazer passar raiva em alguns momentos.

Esta é uma série muito boa para ficar mais íntimo do método de dedução de Poirot. Muitas vezes, Agatha Christie nos priva de muitas de suas deduções durante as histórias, mas acho que a produção foi muito feliz ao conseguir mostrar os raciocínios e resultados do detetive em encontrar o rastro do criminoso e no fim capturá-lo.

Senti falta de algumas expressões típicas que compõe o personagem, mas ao mesmo tempo fiquei feliz com o uso do francês em muitos momentos que ele demonstra suas emoções, não é, mes amis?

Minha intenção com esta crítica e todas as outras, mas principalmente sobre Agatha Christie, é que vocês procures seus romances ou as séries indicadas por mim. Fico sempre na dúvida se faço uma crítica reveladora contando todos os detalhes dos crimes ou se deixo o gostinho para as páginas finais do livro quando vocês forem procurar.

Me digam nos comentários se vocês gostariam de análises mais profundas sobre os mistérios da Rainha do Crime, ou se preferem ser regados a textos enigmáticos que falem mais sobre minha percepção de fã sobre a produção, como este.

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