Máquinas Mortais é uma fantasia épica e caótica mal representada por um marketing pobre


O marketing é uma parte essencial para qualquer filme. É através dele que o público é apresentado a novos mundos, personagens e narrativas, sendo, em muitos casos, definitivo para formar opiniões em uma época em que há muita informação espalhada por ai e passar uma imagem clara que deve atrair as massas a consumir um trabalho é de extrema importância.

A divulgação feita sobre Máquinas Mortais criava a impressão de um longa voltado para um futuro distópico (que até aqui estava certo), com inúmeras perseguições no deserto a nível Mad Max, sem ter um objetivo definido e parecendo ter ai seu foco principal. A trama em si, por outro lado, apenas mantém esse tom nos seus primeiros quinze minutos, seguindo depois por um viés de fantasia e aventura, o que foi pouco divulgado e até cria uma impressão errada sobre o trabalho.

A cidade de Londres é uma verdadeira fortaleza ambulante - Imagem: Reprodução Internet.

O mundo apresentado é sim um futuro distópico, nele a sociedade da maneira em que a conhecemos foi dizimada pelo que ficou conhecida como a guerra dos 60 minutos. O que sobrou desse evento foi uma Terra infértil, o que forçou os sobreviventes a viverem em cidades móveis que precisam consumir outras cidades para sobreviver.

Sem ver uma saída para o fim que logo se aproxima, Thaddeus Valentine (Hugo Weaving) busca por uma alternativa para salvar a cidade de Londres. Para isso, tenta eliminar a jovem Hester Shaw (Hera Hilmar), que sabe de algo que pode implicar os planos de Thaddeus, e acaba envolvendo Tom Natsworthy (Robert Sheehan), um historiador londrino que se envolve em problemas maiores do que inicialmente se imaginava.

A parte central da trama é a jornada de Hester para vingar sua mãe, assassinada por Thaddeus por razões que ao final do filme ficam claras. O problema é que inúmeras outras narrativas deixam a história caótica e desnecessariamente mudam o foco em diversos pontos. Até mesmo a presença de Tom é de certo modo desconcertante. O personagem é um péssimo protagonista ao lado de Hester, não apenas não sendo interessante, como também raso e entediante com seus diálogos previsíveis.

Tom (à esquerda) e Hester (à direita) buscam aliados improváveis para impedir os planos de Thaddeus. - Foto: Reprodução Internet.

Por baixo de tantas coisas acontecendo, a protagonista consegue um destaque e sua aventura é atrativa o suficiente. Por ela vemos um pouco mais desse mundo único onde estranhamente o fato de existirem cidades que literalmente se movem por ai funciona e as soluções encontradas combinam com o cenário apresentado.

O passado de Hester é interessante, mas sua relação com Shrike (Stephen Lang) também fica desencaixada, pois mesmo que justifique o caminho que a personagem teve que trilhar, o simples fato da existência de um ciborgue reanimado não funciona muito bem com a trama. Há várias inconsistências com a tecnologia que é apresentada, a qual em alguns momentos parece ser extremamente avançada e em outros atrasada. E não estou aqui questionando a situação pós-apocalíptica que de certa maneira justifica essa inconsistência, apenas que a sociedade parece já ter alcançado certo nível de desenvolvimento, mas ciborgues reanimados não funcionam.

Ainda sim, o visual de Shrike é assustador e convincente. Inclusive, os visuais do filme são seu grande destaque. As cenas são de tirar o fôlego e a qualidade da produção fica bastante evidente por todo o longa, o que é característico dos trabalhos de Peter Jackson.

Por mais que haja sim uma boa quantidade de problemas, o cenário fantástico de Máquinas Mortais funciona e impressiona. A narrativa é óbvia em grande parte, mas entretém e apresenta algo que muito provavelmente o grande público ainda não viu. Há uma harmonia com a ambientação steam punk que falta nos cinemas e o longa trabalha isso bem.


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