Review | Legends of Tomorrow: "Blood Ties" (S01E03)


No terceiro episódio da nova série da DC, a Canário Branco convence Rip Hunter a realizar um ataque a Vandal Savage, optando, ao invés de um confronto direto, por atingir seus recursos, enquanto Jefferson (Jax) segue em uma aventura a Central City dos anos 70 com Leonard Snart e Mick Rory. Nesse período, Ray e o Professor Stein correm contra o tempo para salvar Kendra dos ferimentos sofridos no combate anterior.

Atenção, a Review à seguir contém Spoilers!!!

"Blood Ties", ou Piloto: Parte 3, mantém a história no ano de 1975, com a equipe incapacitada de saltar no tempo até que Kendra se recupere de suas lesões. O episódio vem para completar as duas partes do piloto, ainda trabalhando com a aceitação sobre a missão e a compreensão sobre viagem no tempo e suas consequências para cada personagem. No geral, ainda há um grande sentimento de introdução, mas isso não reduz em nada o ritmo que a série adquiriu, pelo contrário, só vem a adicionar na construção da sua trama.

Quando Legends of Tomorrow foi inicialmente apresentada, imaginava que cada semana levaria o grupo a diferentes períodos temporais, com exceções, claro, por isso causou surpresa o fato de já ser o terceiro episódio da equipe em 1975. Mas não foi por isso que a trama passou a ser menos interessante. 

Com duas fracassadas tentativas de tirar a vida de Vandal Savage, Sara e Rip resolvem sozinhos golpear o vilão diretamente em suas finanças. E a dupla funcionou surpreendentemente bem, com momentos divertidos e ótimas oportunidades de compartilhar suas angústias pessoais. O foco do mestre do tempo na missão e a brutalidade da assassina para eliminar as ameaças formou um combo interessante e prazerosamente fluido.

Ao passo que Rip acumula ainda mais atentados falhos contra o imortal vilão, demonstrando claro remorso e uma abalada fé no sucesso da missão, Sara chega em bom momento para motivá-lo, enfrentando ela mesma seus próprios demônios. Pudemos ver que Sara ainda sofre os efeitos do Poço de Lázaro, que em troca de sua nova vida, trouxe uma insaciável sede de sangue. Por sorte, a intervenção do especialista no Oculto, John Constantine, fez com que os efeitos do Poço ficassem limitados, então mesmo que a Canário Branco tenha seus ataques de fúria em alguns momentos, não devemos esperar que seu descontrole seja tamanho a ponto de bestializar a personagem. 


Vandal Savage se prepara para iniciar o ritual com o falecido Gavião Negro - Foto Reprodução Episódio

Em meio à promissora dinâmica entre a dupla, descobrimos que Rip Hunter já viajou no tempo para derrotar Savage com suas próprias mãos (isso já elimina a pergunta "por que não viajar ao antigo Egito e matar um imortal antes de adquirir sua imortalidade?"). Outra questão é que pudemos ver um Savage mais aproveitado no episódio, finalmente demonstrando uma personalidade mais sólida e digna de um dominador, que desesperadamente precisava. O sadismo e crueldade típicos do personagem ficaram mais evidentes, corrigindo alguns problemas que o vilão apresentava até agora, mas é preciso notar que ainda há muito espaço para sua construção.

"Blood Ties" também produziu bastante espaço para desenvolver a subtrama de Leonard Snart, o Capitão Frio. Com a oportunidade de corrigir erros do seu passado ao seu alcance, o anti-herói não perdeu a chance de fazê-lo, levando Jax e Rory consigo para roubar uma pedra preciosa e impedir que seu pai fosse para prisão. A aventura deu a Snart um excelente momento, exibindo um lado vulnerável que se esconde abaixo de camadas e camadas de estereótipos de vilão. E é bom ver esse lado sendo explorado, pois em The Flash tivemos poucas brechas para tal e um personagem com tamanha gama de facetas precisa ter seus momentos de destaque.

Ainda após a alteração na linha temporal causada por Snart, novamente fomos lembrados que o tempo sempre encontra seu caminho para se corrigir e não há como fugir disso, já que essa será uma das principais temáticas da série. É importante que essa problemática seja constantemente trabalhada, pois viagem no tempo é um bônus que traz consigo uma série de complicadas implicações (que não podem ser colocadas embaixo do tapete).

Um ponto mais fraco do episódio foi o subplot de Ray Palmer e do Professor Stein para eliminar os fragmentos da adaga que feriu Kendra antes que chegassem a seu coração. Por mais que tenha sido proveitoso ver os dois resolvendo suas rixas pessoais, sinto que o problema se arrastou demais pelo episódio, ficando de certo modo forçado. Uma crise de confiança de um personagem com convicções infladas como Ray simplesmente não funciona bem.


Ray luta para reconstruir sua confiança e fazer o necessário para salvar a vida de Kendra - Foto Reprodução Episódio

Por outro lado, as cenas com o (quase)confiante bilionário deram produtivo destaque para sua identidade enquanto Átomo. Uma das principais críticas que o herói sofreu desde o seu surgimento em Arrow, foram as similaridades existentes com o Homem de Ferro da Marvel, que realmente são inegáveis. Mas, desde sua chegada em Legends of Tomorrow e principalmente nessa semana, suas habilidades de encolher e crescer passaram a ser mais exploradas, focando nas habilidades mais específicas (e sinceramente mais interessantes) do Átomo.

O episódio ainda teve algumas curiosas e divertidas referências. Menos significativa foi o momento em que Ray brinca com a ideia do iceberg, referenciando a participação de Victor Garber (Stein) no filme Titanic. Mas definitivamente com relevantes implicações no universo das séries da DC foi a fala de Rip Hunter onde diz já ter visto "Homens de Aço morrerem e Cavaleiros das Trevas caírem". Isso não deixa dúvidas de que, em algum momento da história, o Superman e o Batman existiram nesse universo (e foram derrotados), o que cria esperança para maiores articulações com as histórias dos maiores heróis da DC no universo das séries (Sem contar aqui o futuro crossover que acontecerá entre Flash e Supergirl, já aceitando novamente a presença do Homem de Aço nesse meio).

Conclusão:

"Blood Ties" trouxe grandes momentos para Rip Hunter, a Carnário Branco e o Capitão Frio, adentrando ainda mais na zona dramática de cada personagem. Obviamente, em uma série com tantos rostos no seu espectro, não veremos sempre um desenvolvimento igualitário para cada um, então acaba funcionando bem trabalhar aos poucos com cada herói. Por outro lado, o subplot de Ray Palmer não encaixou bem com sua proposta, mas isso não impediu que o capítulo tivesse um divertido e bem aproveitado progresso.


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