Turma da Mônica Laços nos chama a revisitar nossa infância enquanto diverte o público infantil


Turma da Mônica fez parte da minha vida. Eu lembro muito de viajar de ônibus pelo país ou quando viagens de avião começaram a ser acessíveis, de ir a banca comprar algumas revistinhas para ler enquanto esperávamos. Lembro de amar o Almanacão, a revista grandona, e as revistinhas da Mônica, Magali e Cebolinha. E eu e meu irmão sempre trocávamos para poder ler mais.

O anúncio do filme e adaptação da grafic novel Laços me animaram, mas não me prepararam para o que eu iria encontrar no cinema. Turma da Mônica Laços é um filme feito com cuidado, é perceptível. O quadrinho foi estudado e adaptado com mudanças sutis e de maneira respeitosa tanto à obra, quanto a ao material original dos gibis.

Laços conta uma aventura da turminha do bairro do Limoeiro que sai sozinha em busca de Floquinho, o cachorrinho verde de Cebolinha, que some misteriosamente durante a noite. Os quatro amigos terão que aprender a confiar uns nos outros e unir-se para enfrentar diversos desafios e perigos para resgatá-lo.

(Serendipity Inc/Paris Filmes)

Com uma trama simples e quase inocente, vemos a história desenhada sendo traduzida em tela de maneira bastante competente e delicada. No bairro do Limoeiro, as casas dos famosos personagens são retratadas de maneira colorida, em bloco de cores, assim como nas páginas dos gibis. A estética remete ao final nos anos 80 e início dos anos 90, e é possível ver objetos que trazem essa identidade de época por todo o filme.

Muitas cenas já conhecidas pelos leitores da Turma podem ser visualizadas, algumas chegam a ser reproduções fiéis ao quadrinho, e somos levados a passear pelas ruas com diversas referências que trazem um sentimento nostálgico e emociante.

As crianças conseguem passar as essências de cada personagem de maneira verossímil e eu realmente acreditei que eles eram Mônica, Cebolinha, Casção e Magali da vida real, tão real como se eles pudessem existir. O cuidado foi imenso, desde a direção até a construção de cada um com suas características tão marcantes.

Magali não perde uma oportunidade de falar de comida, Cebolinha não desiste nunca de seus planos infalíveis, Cascão tem aversão à água e, claro, Mônica é a dona da rua e dona de uma força e atitude incomparáveis.

Cada um deles foi explorado para que estas características estivessem presentes de maneira natural no filme, ao mesmo tempo que prestavam uma grande homenagem. No fim, eles eram mais do que a Turma da Mônica dos quadrinhos, eram crianças de verdade e o filme consegue passar isso.

Talvez porque o diretor deixou que os atores mirins participassem de decisões importantes no momento da filmagem. Até porque, quem melhor que uma criança para dizer como se deve fazer algo, que vai ser vivida por uma criança em um filme. Esse trabalho em conjunto torna tudo mais plausível e adiciona muito valor.

Nos olhos de crianças, a situação não passa de mais uma aventura, que talvez exija um pouco mais de coragem que outras, mas a trama trata de assuntos sérios como a inocência do desaparecimento de crianças, sequestros e crimes contra os animais, coisas que não passaram na cabeça do gênio dos planos e seus amigos quando resolveram adentrar numa floresta atrás de um desconhecido.

(Serendipity Inc/Paris Filmes)

A caracterização dos personagens de forma geral, a trilha sonora, cores, e a fotografia do filme dialogam muito bem entre si, conduzindo a história e nossas memórias dentro desta aventura. E é interessante ver um elenco de apoio com vários rostos bastante conhecidos prestigiando a obra e dando destaque total aos protagonistas.

Apesar de ter muitas referências visuais e momentos clichês de cada personagem, a produção foi cuidadosa em não construir-se como um filme de referências apenas. O sentimento de assistir é prazeroso e foram muitas risadas e algumas lágrimas ao ver tudo isso concretizado na tela.

Creio que, apesar de ser um filme infantil, Turma da Mônica Laços irá atrair um público mais velho e nostálgico, que, em minha opinião, terá suas expectativas atendidas, enquanto a nova geração conhece e se diverte com a Turma. Não deixem de prestigiar um de nossos tesouros nacionais e de celebrar nosso Maurício de Souza, que esteve presente no nosso crescimento. Vamos valorizar a nossa #CulturaPopBR!

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