Alita: Anjo de Combate encanta com efeitos visuais e trama eficiente


Alita: Anjo de Combate chega aos cinemas após praticamente 20 anos de espera. A adaptação da obra de Yukito Kishiro (Gunnm, 1990) foi prometida por James Cameron no início dos anos 2000. Desde então, o projeto sofreu diversos adiamentos e mudanças de produtores e possíveis diretores. Finalmente em 2016 James Cameron fecha acordo com Robert Rodriguez para direção do longa.

O filme se passa em  2563 após a terra ser devastada por um conflito de proporções catastróficas. Zalem, a cidade flutuante, e Iron City, cidade formada pelos sobreviventes do conflito, são os lugares que restaram aos humanos. Passeando pelo ferro velho de Iron City, Dr. Dayson Ido (Christoph Waltz) encontra os restos de um corpo cibernético. Percebendo que o cérebro contido ali ainda estava vivo, ele o leva para seu laboratório.

Foto: Fox Filmes

Após a reconstrução, o ser cibernético acorda sem saber onde e quando está. Dr. Ido ao se deparar com a perda de memória daquele ser o batiza com o nome de sua filha, outrora assassinada. Alita (Rosa Salazar) agora precisa descobrir todo aquele universo repleto de vida e novas sensações. Além disso, ela sente a necessidade de relembrar o seu passado e descobrir quem ela era e qual o motivo de ter sido descartada no ferro velho.

Embarcando nessa jornada, Dr. Ido aos pouco mostra a Alita a complexidade da realidade, desde como comer uma fruta, apreciar seu sabor e, até mesmo, os perigos de se locomover por uma cidade super populosa. Entretanto, com todo cuidado que um pai pode proporcionar, não é suficiente para segurar a curiosidade de uma mente inquieta. Alita ao dividir seu lanche com um cachorro faminto, se coloca em apuros ao tentar protegê-lo de uma sentinela. Eis que surge Hugo (Keean Jhonson), um jovem que ao ver tal situação salta imediatamente de seu veículo para salvá-la. Demonstrando não entender direito o que estava acontecendo, Alita volta para salvar o pequeno cachorro.

Confira também a nossa análise em vídeo



Com essa nova amizade formada, Alita amplia exponencialmente a sua possibilidade de conhecer ainda mais aquele universo. Ao perceber seu entusiasmo, Hugo apresenta o Motorball, uma espécie de disputa entre seres com partes cibernéticas, em uma pista de corrida, onde todos correm atrás de uma bola em seus patins futurísticos. O vencedor do campeonato é levado a Zalem como premiação. Tudo gerenciado por Vector (Mahershala Ali) e sua assistente Chiren (Jennifer Connelly).

Os fundamentos da jornada de Alita são trabalhados de maneira ágil e competente. Rodriguez consegue estabelecer eficientemente as relações entre os personagens, fazendo nos importar com todos que orbitam a jornada de Alita. Além disso, administra bem a sobreposição de todas as subtramas com o arco principal do filme, imprimindo uma cadência interessante ao longa, oscilando entre cenas dramáticas e de ação.

Foto: Fox Filmes

As cenas de lutas são um show à parte, muito bem coreografadas, bem situadas na geografia das cenas. O espectador não fica confuso tentando seguir os movimento. Tudo isso acompanhado de belos enquadramentos e falas impactantes. Arrisco dizer que nenhuma das cenas de luta é gratuita, todas ajudam a conduzir a trama e reforçam a jornada de Alita, além de demonstrar o amadurecimento ao longo do filme.

Os efeitos visuais são estonteantes e impecáveis, principalmente se tratando da abordagem que fizeram com Rosa Salazar (Alita). O ser cibernético retratado não causa o costumeiro estranhamento de vermos personagens humanos em computação gráfica. A artificialidade do corpo de Alita é reforçada pelo belo trabalho de composição visual, principalmente com os olhos, que ficaram maiores do que costumam ser em humanos, entregando toda a performance da interpretação da atriz.

O trabalho de adaptação do universo do mangá para o cinema foi satisfatório, é sempre um desafio transportar toda a profundidade e as camadas que costumeiramente essas obras possuem. Me parece que os autores de mangá conseguem abordar temas complexos com uma leveza e beleza que estão escassas  no ocidente. Além disso, a mídia original da obra de Kishiro possui maior liberdade criativa e fôlego narrativo. Condensar um universo vasto em alguns filmes é um trabalho minucioso.

Porém, me parece que a parceria de Cameron com Rodriguez rendeu  um belo trabalho, conseguindo estabelecer as premissas de todo o universo de Alita nesse primeiro filme, condensando principalmente as três primeiras histórias com diversos elementos que só foram criados posteriormente. É claro que o longa termina com uma deixa para o próximo filme, que desde já, estou na expectativa.

Foto: Fox Filmes

Se você ainda não conhece o mangá, sinta-se à vontade para conferir a resenha do primeiro volume lançado pela JBC aqui no Brasil. Você pode assistir nosso comentário em vídeo sobre o filme, que complementa o presente texto.

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