Trama desordenada e caótica faz de Transformers: O Último Cavaleiro um pesadelo dirigido por Michael Bay


Transformers: O Último Cavaleiro traz, pela quinta vez, a interminável luta pela sobrevivência dos Transformers na Terra, expandindo o folclore da franquia para a Idade Média, com a história do Rei Arthur, e mostrando o conflito entre dois mundos.

Em O Último Cavaleiro, Cade Yeager (Mark Wahlberg) vive em um ferro velho entre autobots e decepticons. Como os Transformes foram declarados inimigos da Terra, Cade encontra e ajuda aqueles que pode, até que, durante um resgate, se depara com um artefato milenar ligado à própria origem dos Transformers. Com o surgimento desse artefato, uma série de eventos é desencadeada, fazendo com que o misterioso Sir Edmund Burton (Anthony Hopkins) leve Cade até a Inglaterra, onde o destino da humanidade será decidido.

Uma franquia do tamanho de Transformers, naturalmente pode ser chamada de uma máquina de fazer dinheiro. Seus filmes possuem grandes orçamentos e suas bilheterias são ainda maiores. É, assim, incontestável que Transformers é um grande sucesso cinematográfico, arrebatando públicos, independente de críticas positivas ou negativas.
Mark Wahlberg revive Cade Yeager no quinto longa da franquia - Foto por: Paramount Pictures/Bay F - © 2017 Paramount Pictures. All Rights Reserved. HASBRO, TRANSFORMERS, and all related characters are trademarks of Hasbro.

Dito isso, o fato de ser uma franquia milionária, não leva a implicação de que suas sequências podem ser feitas de qualquer maneira, deixando completamente de lado qualquer preocupação em se construir um trabalho de qualidade com histórias coesas e uma trama minimamente aproveitável, porque Transformers: O Último Cavaleiro falha exatamente em fazer isso.

Em primeiro lugar, falando-se de coesão, não existe nenhuma nesse quinto longa. A trama é simplesmente aberta em um prólogo na Idade Média, aonde o mago Merlin (Stanley Tucci) mais lembra um personagem de Monty Python do que qualquer coisa que se possa levar a sério. E, surpreendentemente, essa não é a parte com problemas do filme. A partir daí, surge uma confusão de narrativas que faz o espectador se perguntar se está assistindo realmente um único filme, ou oito filmes compilados em um só.

Do conto do Rei Arthur, a história é jogada para um confronto moderno entre uma organização que caça Transformers e estes que se escondem em um mundo que não mais os quer. Lá, Cade Yeager recebe um artefato de um antigo transformer cavaleiro, também conhecendo a jovem Izabella (Isabela Moner), uma garota sem lar que ajuda os robôs alienígenas e é acompanhada de um engraçado robô azul à lá R2-D2. Daí, voltamos para Optimus Prime, que está a caminho de seu planeta natal para confrontar Quintessa, a criadora de todos os Transformers.

Logo em seguida, um transformer mordomo muito similar ao C-3PO (inclusive, o próprio filme brinca com a similaridade) que trabalha para o personagem de Anthony Hopkins encontra Cade e o leva para a Inglaterra, deixando para traz a garota Izabella que aparentemente teria mais impacto na trama. Lá, Cade aprende sobre uma sociedade secreta que protege a história dos Transformers e também encontrando a irmã gêmea inglesa de Megan Fox, só que não tão bonita e popular, Vivian Wembley (Laura Haddock). Juntos, eles precisarão impedir que Quintessa, que está se dirigindo à Terra no antigo planeta dos Transformers, Cybertron, obtenha uma antiga arma e destrua o planeta.

De um lado, surge a impressão de se estar vendo diferentes filmes de Transformers dentro de um só, com histórias que poderiam render 3 ou 4 filmes, mas foram todas amarradas em um único projeto, parecendo uma colagem malfeita com cortes grotescos e problemas de continuidade. De outro, as diferentes facetas do filme criam a impressão de serem partes de outros filmes já existentes, por exemplo, em um momento surge uma busca MUITO similar a Código da Vinci, enquanto em momento posterior o filme poderia ser Indiana Jones, logo em seguida, Esquadrão Suicida e depois um filme genérico de guerra.

Anthony Hopkins vive um misterioso lorde que pode ter a solução para a crise enfrentada no longa - Foto por: Paramount Pictures/Bay F - © 2017 Paramount Pictures. All Rights Reserved. HASBRO, TRANSFORMERS, and all related characters are trademarks of Hasbro.

O ponto é que não há uma linha contínua, havendo, em diversos momentos, uma dificuldade de se acompanhar o desenvolvimento da trama e criando questões como "por que a organização que odeia transformers está se aliando aos decepticons?" ou "por que aquele submarino não está falando?", "por que Anthony Hopkins está nesse filme?" e, ainda "o que está acontecendo? Será que eu dormi e perdi uma parte da história?".

Além disso, atuação medíocre e um péssimo humor só desfavorecem a qualidade do longa, variando de piadas de mau gosto, humor sexista e a presença do personagem negro estereotipado que está lá apenas para trazer alívio cômico. Outro ponto negativo é a constante necessidade de se colocar uma "mulher objeto" em um filme de ação, que dessa vez é vivida pela atriz Laura Haddock.

Para ser justo, há sim pontos positivos no longa, que conta com um CG impecável e impressionantes visuais. Ainda, a sequência tem menos cenas de luta entre Transformers que as anteriores, ficando mais fácil de acompanhar as batalhas em si.

Transformers: O Último Cavaleiro acaba desabando sobre si mesmo com uma história má estruturada e uma falta de preocupação com o avanço da franquia, levantando a questão se o diretor Michael Bay realmente se preocupa com os fãs ou se o seu real interesse está em suas carteiras.


1 comentários

  1. Realmente, em termos de roteiro e coesão, Transformers é terrível. Aliás, apesar de muito famoso, eu ouço ou vejo mais comentários negativos do que positivos em relação aos filmes.

    Apesar disso, é um filme que consegue entreter as pessoas. Não gosto da ideia de "máquina caça níquel" imposta nos filmes de TR dirigidos pelo Michael Bay, mas se as pessoas se divertirem com isso, eu acho que está valendo.

    É claro que tento ver os pontos negativos e não nego quando eles existem. Lendo matérias como essa a gente acaba percebendo coisas que nem tínhamos imaginado enquanto se via o filme.

    Bem, a verdade é que nem assisti ainda, mas o que eu quis dizer é que é uma situação complicada. Se por um lado existem pessoas que se divertem da forma como tudo é produzido, por outro eu entendo a frustração que muitas pessoas sentem por receberem algo mal feito, ainda mais baseado em um título que já tinha muitos fãs antigos. Sou fã de Kamen Riders e entendo muito bem o quanto o quesito comercial atrapalha na qualidade da obra.

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