45 anos de Kamen Rider e contando


Já foi comentado aqui no Mega Hero que 2016 será um ano de muitas comemorações dentro da comunidade de fãs de Tokusatsu. Teremos os 50 anos de Ultraman e a dupla comemoração intitulada Super Hero Year que celebra os 40 anos dos Super Sentai e 45 anos de Kamen Rider.

Durante quatro décadas o gênero Kamen Rider se reinventou e é a prova que séries japonesas de super heróis rendem e cativam novos públicos. Criado em 1971 pelo icônico mangaká Shotaro Ishinomori em parceria com Toru Hiroyama, o motoqueiro mascarado foi uma jogada arriscada em uma época onde monstros gigantes e heróis colossais dominavam a televisão e cinemas japoneses.

Durante o processo de criação da minha monografia, um dos meus objetos de pesquisa o livro de Alexandre Nagado foi abordado que Kamen Rider foi o grande responsável pelo sucesso de séries com heróis em tamanho humano e essa época foi conhecida como “Henshin Boom”. O primeiro Kamen Rider teve um total de noventa e oito episódios se estendendo de 1971 até 1973. A série seguinte Kamen Rider V3 ainda seguia de certa forma os passos deixados por Takeshi Hongo (Kamen Rider Ichigo) e Ichimonji Hayato (Kamen Rider Nigo) mas trazia um novo protagonista e uma nova organização do mal.

Kamen Rider Nigo interpretado por Takeshi Sasaki e Kamen Rider Ichigo interpretado por Hiroshi Fujioka -
Foto: Reprodução internet

Os primeiros Kamen Riders até “J” foram tratados como Showa Riders e tem características que os diferenciam das séries mais atuais, tais como heróis com implantes mecânicos ou orgânicos e histórias com arcos mais fechados. No Brasil tivemos duas séries exibidas nos anos noventa, Kamen Rider Black e RX, a última foi adaptada na fraquíssima série Masked Rider da Saban, a mesma produtora que com sucesso lançou Mighty Morphin Power Rangers adaptado do Super Sentai, Zyuranger. Tive a oportunidade de assistir quando mais novo, Kamen Rider Black RX mas não guardo lembranças marcantes da série que trazia Kotaro Minami (Issamu Minami no Brasil) contra o maligno Império Crisis. Meu outro contato com a franquia foi anos à frente já na era dos Heisei Riders com Kamen Rider Kabuto (2005).

No ano 2000 depois de um longo hiato na tv, a franquia entrava no novo século com fôlego e com um visual totalmente repaginado. Kamen Rider Kuuga o primeiro da Era Heisei chamava atenção pelo visual que se distanciava dos seus antecessores e trazia uma trama mais profunda e protagonistas com conflitos pessoais. Os episódios por sua vez eram mais interligados e a trama principal corria durante toda a série ao invés de servir apenas como plano de fundo.

"Novo Herói, Nova Lenda", Kamen Rider Kuuga - Foto: Reprodução internet

Kamen Rider é uma franquia que se moldou com o tempo e é por isso que diferente de outras mais tradicionais, tem uma liberdade criativa maior e da espaço aos roteiristas para ousar e contar novas histórias. Para um olhar mais detalhado sobre a mudança das séries de Tokusatsu ao longo dos anos e como é a criação de uma série de super heróis japoneses, recomendo uma matéria excelente do blog “Casa do Boneco Mecânico”.

Em 2016 a obra completa 45 anos, um feito que poucas marcas conseguem. Sobreviver por tanto tempo sem perder a essência é uma característica dos Kamen Riders. Para comemorar esse marco, a Toei Company irá lançar no dia 26 de Março “Kamen Rider #1 – O Filme” que traz o personagem original em uma trama que continua os eventos da série de 1971.

45 anos atrás, um homem foi submetido a experimentos por uma organização terrorista conhecida como Shocker, e com isso, ele se tornou um ciborgue. Desde aquele dia, a única missão deste homem é a de proteger a humanidade e a justiça da ameaça que é a Shocker. Seu nome é Takeshi Hongo (Hiroshi Fujioka), e ele é o primeiro Kamen Rider.

Após uma longa batalha no exterior, Hongo ouve que uma certa garota está em perigo, a neta de seu antigo mentor Tobei Tachibana, Mayu Tachibana, e retorna imediatamente para o Japão. Ele então encontra Takeru Tenkuji, o Kamen Rider Ghost, que estava investigando o paradeiro da menina. Mayu é a chave para a volta do principal líder da Shocker, Embaixador Hell! Veremos o retorno da Shocker e a ascensão de uma nova organização conhecida como Nova Shochker! Eles serão liderados por Urga (Tsuyoshi Abe) juntamente com Igura (Nao Nagasawa) e Buffalo (Kozo Takeda), e desejam se aproveitar do atual estado da economia mundial.

Seguindo essa nova ameaça pelo mundo, Takeshi Hongo voltará a ecoar a voz de uma geração ao gritar “Henshin!”. Tudo isso pelo amor, vida e pelo futuro.


A Shocker liderada pelo Embaixador Hell - Foto: Reprodução internet
O filme teve o roteiro escrito por Toshiki Inoue e Hiroshi Fujioka, o primeiro trabalhou em diversas produções da franquia incluindo dois remakes que citarei logo abaixo. A direção fica ao encargo de Osamu Kaneda que trabalha com Kamen Rider desde 2005.

Vale ressaltar que essa não é a primeira vez que temos o retorno de Hiroshi Fujioka em um longa metragem de Kamen Rider. O ator apareceu recentemente no filme “Heisei Rider vs. Showa Rider: Kamen Rider Taisen feat. Super Sentai” de 2014 e emprestou sua voz em “OOO, Den-O, All Riders: Let's Go Kamen Riders” que comemorou os 40 anos da franquia em 2011. Ichigo e Nigo também apareceram repaginados em Kamen Rider The First (2005) e Kamen Rider The Next (2007), mas com outros atores interpretando os dois heróis.

Takeshi Hongo está de volta para enfrentar a Shocker - Foto: Reprodução internet

Apesar de originalmente o filme ter sido vendido como uma história solo do herói, como inclusive foi noticiado aqui no Mega Hero, teremos a participação de personagens da série atual Kamen Rider Ghost que irão protagonizar ao lado do lendário ator que completa 70 anos no dia 19 de Fevereiro.

Apesar de ser um filme que comemora quatro décadas e meia da franquia, Kamen Rider #1 – The Movie ainda soa como uma produção feita às pressas e semelhante ao que vemos nas séries de tv, não muito diferente dos últimos longa metragens.

É bom salientar que as produções de Tokusatsu, sobretudo as feitas pela Toei não possuem o mesmo investimento de grandes produções globais, como vai ser o caso do filme de Power Rangers programado para ser lançado em 2017 pela Lionsgate e Saban, mas mesmo assim poderia ter tido um capricho maior para comemorar os 45 anos de um dos heróis mais emblemáticos do Japão. Mesmo sabendo que muito pouco do filme foi divulgado, ainda torço para que me surpreenda e que faça jus ao herói que já é um símbolo a muito tempo na terra do sol nascente.

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