Com a direção de James Wan, Aquaman finalmente chega aos cinemas para dar um novo rumo ao universo cinematográfico da DC. A mudança de tom que já fez parte de Mulher Maravilha e Liga da Justiça fica agora bem mais evidente, deixando de lado uma boa parte da visão sombria que Snyder projetou para esse vasto universo que ainda tem muito a ser explorado.
O filme, que se utiliza em muito da origem dos Novos 52 do personagem, conta como a Rainha Atlanna (Nicole Kidman) conheceu o simples faroleiro Tom Curry (Temuera Morrison) e como os dois se apaixonaram. Do seu amor nasceu o meio atlante e meio humano Arthur Curry (Jason Momoa), que anos após deve lutar pelo trono de Atlantis para impedir que seu meio irmão, o Rei Orm (Patrick Wilson) inicie uma guerra contra o mundo da superfície. Para isso, Arthur vai em busca do tridente perdido de Atlan, o primeiro rei de Atlantis, com a ajuda de Mera (Amber Heard).
Sim, Aquaman é mais uma história de origem. Mas diferente de personagens como o Homem-Aranha e o Batman, que tiveram diferentes encarnações nas telonas apenas nos últimos 10 anos, o herói não tem suas raízes tão familiarizadas pelo grande público.
E aqui há uma proposta inovadora para um projeto que não estava sendo tão bem aceito por todos. Ainda que Zack Snyder tenha construído uma fiel base de fãs com o que havia sido feito até Batman vs Superman, seu olhar quase que unidimensional sobre o multidimensional universo dos quadrinhos da DC acabou criando filmes e personagens no mesmo tom pesado e sombrio, causando uma fadiga com as poucas adaptações feitas.
Em Aquaman, o diretor James Wan traz um foco bem mais jovial imerso em uma temática de aventura e ação, quebrando com muito do que vinha sendo feito, mas ainda assim se mantendo coeso com o que já foi construído. Da mesma forma, o longa é bem mais fluido que seus predecessores, dando a impressão que Wan foi capaz de transmitir sua visão com bem menos interferência, mesmo que o núcleo do elenco tenha sido contratado por Snyder.
A relação entre Arthur e Mera é essencial para a trama - Foto por: © 2017 Warner Bros. Entertainment Inc. and Ratpac-Dune Entertainment LLC. All Rights Reserved. |
Há uma excelente integração entre roteiro e os atores e ainda que Momoa não seja a representação mais fiel para um Aquaman clássico, ele funciona muito bem no papel, enquanto o elenco de apoio se encaixa bem à sua representação do herói. É justo que a química entre Jason Momoa e Amber Heard não é a melhor já vista, mas o romance dos dois acontece, assim como Willem Dafoe cria o suporte necessário como Vulko e Nicole Kidman faz uma excelente Rainha Atlanna e abre a trama de forma espontânea.
O antagonista Orm, traz uma dualidade contra o seu mais despreocupado meio irmão, e apresenta motivações facilmente compreensíveis e coesas, mesmo que não haja tanta profundidade para o personagem. Enquanto isso, o Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II) é bem mais real e ainda que não seja o vilão principal do longa, também cria uma ligação próxima com Arthur. Ainda, a adaptação fiel do seu uniforme clássico das HQs ajuda a encaixá-lo melhor na produção.
O Arraia Negra é motivado por sua vingança contra o Aquaman - Foto por: © 2017 Warner Bros. Entertainment Inc. and Ratpac-Dune Entertainment LLC. All Rights Reserved. |
Fidelidade não define se o projeto será bom ou não, claramente, mas o fato da direção e roteiro terem se inspirado em tantos momentos e visuais retirados diretamente dos quadrinhos deixa evidente a sua familiaridade com o trabalho e quanto alguns dos principais nomes da DC como Geoff Johns tiveram participação na sua concepção.
E isso ajudou bastante para que James Wan criasse todo esse incrível mundo subaquático que nos é revelado no filme. Tanto a cinematografia e paisagem de tirar o fôlego, quanto os detalhes que estão por todos os lados, seja pelo uniforme clássico do Aquaman ou das inúmeras referências feitas, dão vida ao longa.
Existem também alguns problemas, como a presença de clichês de filme de ação, a necessidade de se construir um romance em meio a uma guerra e Wan abusa de explosões em diversos momentos. Mas isso não retira o épico da narrativa que fica bem claro por toda a trama.
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