Space Opera em quadrinhos combina diversão e qualidade

A ficção científica está repleta de histórias grandiosas. Algumas demandam mais de um livro para serem finalizadas. Fundação de Isaac Asimov, meu autor preferido, é um exemplo. Outras conseguem condensar sua grandiosidade e criatividade em poucas páginas, esse é o caso de Space Opera em quadrinhos.

Lançada em 2017 pela editora Draco, Space Opera em quadrinhos é uma coletânea de contos de ficção científica organizada por Raphael Fernandes. A iniciativa é uma expansão da linha de livros de contos da editora. São oito histórias roteirizadas e ilustradas por brasileiros de diversas partes do país.

As histórias contêm todos os elementos do gênero space opera: guerra espacial com batalhas interplanetárias, aventura, drama, questionamentos políticos-filosóficos, etc. Tudo aquilo que você pode encontrar nos bastiões do gênero como: Star Wars, Flash Gordon e Fundação.
Invasão terráquea

Patrulheira 237 e Mana dão início a leitura com histórias de curto alcance, porém com situações interessantes. A primeira traz uma premissa que subverte o tema de invasão alienígena: e se os terráqueos fossem os invasores de outros planetas? Extrapolando a atual situação que nos encontramos do ponto civilizatório, como seria nosso comportamento? Uma espécie cruel, dissimulada e egoísta?

A segunda, Mana, nos mostra a importância das relações afetivas mesmo num contexto intergalático. Quando uma grande ameaça se apresenta, são os laços que criamos com as pessoas próximas que nos mantêm com força e coragem, transpondo o tempo e o espaço.

Starcrust e A queda são o ponto alto da coletânea, com histórias um pouco mais longas. Em Starcrust você acompanha uma jornada de vingança contra rebeldes, em uma sociedade totalitária, com alienígenas semelhantes a crustáceos. Jurando trazer um pedaço dos responsáveis pela morte de quase toda sua família, a protagonista descobre que cultivar o ódio e raiva pode ser importante em momentos decisivos.
A queda

A queda coloca em perspectiva o mito judaico-cristão e islâmico de Adão e Eva e a perda do paraíso. Uma inteligência suprema que tem poder de criar seres diversos, resolve realizar um experimento para entender os humanos. Dois robôs são criados sem suas diretrizes e a partir disso passam a questionar a sua própria existência, a do mundo e a de seu criador. Você trocaria a existência em uma consciência coletiva e pacífica pelo conflito existencial da incompletude e do desentendimento?

Os outros contos trazem questões interessantes como: no final de sua existência, pensando em retrospecto, algo seria feito de outra maneira? Mesmo sabendo que você trilhou o pior caminho para conquistar a sua posição? A partir da consciência que sua existência cessará, você gostaria de ter a companhia de alguém no último minuto?

Além disso, o tom divertido e debochado de algumas histórias em contraponto com a seriedade de outras, ajudam a manter uma boa dinâmica de leitura, suscitando no leitor a vontade de ler uma história atrás da outra. Nesse sentido, a diversidade e qualidade dos traços dos ilustradores enriquecem ainda mais a experiência visual.
Space Opera em quadrinhos. Foto: Mega Hero

Space Opera em quadrinhos é uma excelente pedida para aqueles que gostam de ficção científica e precisam balancear o tempo de suas leituras com as obrigações do dia a dia. Mantendo a qualidade, a criatividade e o bom humor. Trazendo questionamentos importantes que nos fazem pensar e aquela boa e velha diversão.

Espero que a editora Draco lance outros volumes nesse mesmo formato. Inclusive, ao visitar o site da editora descobri que eles têm outras obras relacionadas ao universo de ficção científica que me chamaram a atenção. Com certeza elas aparecerão aqui futuramente.

Ficha Técnica.

Roteiristas: Tiago P. Zanetic, Jun Sugiyama, Larissa Palmieri, Luís Carlos Sousa, Rafael Levi, Alessio Esteves, Fernando Barone e Angelo Dias.

Ilustradores: Joannis Fiore, Kazuo Miyahara, Eder Santos, Karol Rocher Knight, Braziliano, MJ Macedo, Carlos Sekko e Giovanni Pedroni

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