A Maldição da Casa Winchester passa do macabro ao genérico sem explorar todo o seu potencial


Filmes de terror carregam naturalmente o efeito aterrorizante e uma carga de medo, que obviamente vão variar de acordo com a qualidade da produção, personagens e história. Mas um fato inegável é que histórias baseadas em fatos reais, mesmo que em questão de detalhes, trazem um peso maior por se aproximarem mais da dimensão da realidade. Não diferente é A Maldição da Casa Winchester (Winchester), um horror sobrenatural centrado na viúva de um famoso fabricante de armas.

O espectador é levado à conturbada vida de Sarah Winchester (Helen Mirren), viúva de um dos maiores produtores de armas dos EUA e maior acionista da companhia, através dos olhos do Doutor Eric Price (Jason Clarke) no ano de 1906. Contratado pelo quadro de acionistas da empresa para atestar a falta de sanidade mental da viúva, Eric vai viver na casa Winchester e logo descobre que os rumores sobre a loucura da Sra. Winchester não passam de boatos e que algo muito mais profundo e incompreensível está ocorrendo naquela casa.

Helen Mirren cria o pouco ar de suspense e mistério de A Maldição da Casa Winchester - Foto: Ben King - © Winchester Film Productions

Assim como é retratado no longa, Sarah Winchester de fato perdeu sua jovem filha para uma doença, assim como seu marido anos depois. Os relatos contam que ela nunca superou a tristeza das duas mortes levando-a a loucura e eventualmente a entrar em contato com um médium que a levou a construir uma casa formada por labirintos de quartos sem portas, portas sem quartos e corredores que não levam a lugar nenhum. Não só isso, anos após a sua morte e até hoje, a mansão (Winchester Mystery House) ficou conhecida como um dos locais mais mal assombrados dos EUA.

A produção, por sua vez, foca a sua premissa no ceticismo do Doutor Price, que aceita o trabalho sem grandes expectativas a não ser a do seu devido pagamento. A medida que a sua análise sobre a Sra. Winchester prossegue, Price passa a questionar a sua própria sanidade quando vê o impossível acontecer e colocar a sua vida e a dos moradores da casa em perigo.

Helen Mirren faz um excelente papel em dar vida à Sarah Winchester, que se não está louca, definitivamente acredita que há muito mais acontecendo na casa e não apenas acredita, como vive e até interage com os inúmeros fenômenos paranormais que a rodeiam.

Sem estragar a premissa do filme, basicamente os quartos tem um propósito que servem tanto para Sarah lidar com o seu luto, quanto para lidar com forças paranormais de uma maneira única. Nisso, alguns interessantes conceitos são trabalhados, mas os principais pontos abordados recaem sobre culpa e o processo de seguir em frente.

Eric Price (Jason Clarke) e seus demônios são o foco de boa parte da narrativa - Foto: Ben King - © Winchester Film Productions

A maneira como a trama aborda a relação de Sarah com a casa é sem dúvidas interessante e há uma entidade perigosa que espreita a narrativa, mas, ao final, essa entidade acaba não entregando a potência que uma história pesada como essa naturalmente precisava. De certo modo, ainda que o longa não seja ruim, ele deixa muito a desejar na construção do suspense e no aproveitamento da bizarra mansão que é tão grande, mas tem poucos dos seus cômodos explorados.

Além disso, ver a perspectiva do doutor não é ruim, mas em alguns momentos deixa a história arrastada, além de que a falta de carisma de Jason Clarke em nada ajuda para melhorar isso. Ainda que Helen Mirren carregue a maioria da atenção, talvez o fato de que a história seja centrada no doutor tenha prejudicado o desenvolvimento do filme.

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