Review | Legends of Tomorrow: "Pilot, Part 1" (S01E01)


No ano de 2166, Vandal Savage, um supervilão imortal, atingiu, com sucesso, a dominação global. Em um esforço para salvar a humanidade, o mestre do tempo Rip Hunter viaja de volta ao ano 2016 para organizar um grupo de super-heróis e vilões unidos para impedir Savage e mudar o curso da história.

E é diante dessa premissa que nasce a mais nova série da CW em parceria com a Warner Bros. e a DC Comics. Legends of Tomorrow surge do material já produzido em Arrow e The Flash, duas séries de sucesso da CW que também contam como principal tema "super-heróis". Nessa nova aventura, vários personagens já introduzidos nos seriados citados ganham a chance de se unir em uma nova equipe para salvar o planeta. Resta saber se esse novo grupo funcionará junto e como lidarão com inúmeros problemas que encontrarão em seu caminho.

Atenção, a Review à seguir contém Spoilers!!!

O piloto abre as cortinas da série introduzindo o antagonista Vandal Savage (Casper Crump) que está próximo da sua dominação mundial em pleno século XXII. Em meio a crise, o viajante e mestre do tempo, Rip Hunter (Arthur Darvill), vê a necessidade em parar o imortal vilão antes que seja tarde demais, mesmo que isso signifique alterar e até danificar a linha temporal. Para tanto, decide voltar ao ano de 2016 para unir uma equipe de 8 super-heróis e vilões que, juntos, poderão parar a ameaça: Ray Palmer, o Átomo (Brandon Routh), Sara Lance, a Canário Branco (Caity Lotz), Jefferson Jackson e Dr. Martin Stein, as duas metades que compõem o Nuclear (Franz Drameh e Victor Garber), Carter Hall, o Gavião Negro (Falk Hentschel), Kendra Saunders, a Mulher Gavião (Ciara Renee); Leonard Snart, o Capitão Frio (Wentworth Miller) e Mick Rory, o Onda Térmica (Dominic Purcell).

O interessante dos personagens é que todos já tiveram suas breves introduções feitas em Arrow e The Flash, por isso era uma preocupação minha que sua estreia em Legends of Tomorrow ficasse confusa e mal explicada. Mas por outro lado, os roteiristas conseguiram ser diplomáticos e encontrar um tempo justo, em meio à corrida narrativa típica dos pilotos de séries, para cada personagem, mostrando pouco, mas suficiente, para quem não os conhecia ficar minimamente familiarizado com cada um.

Tenho que ser justo aqui, já vi muitos comentários depreciativos sobre a série (sim, mesmo tendo acabado de estrear), mas todo comentário depreciativo foi bem embasado? Não deixarei essa pergunta em aberto, a resposta é um sonoro NÃO. Falarei primeiro sobre o tempo para introduzir personagens. Pilotos que mostram todas as facetas de um personagem não precisam de uma série, é para isso que existem filmes. O ponto do piloto é criar uma prévia, e é isso que Legends of Tomorrow fez, ainda teremos muitos episódios pela frente para desenvolver e destacar cada um dos heróis.

Outro ponto é que se diz que os personagens, por serem coadjuvantes de outras séries, também serão coadjuvantes aqui...mas o que há de errado nisso? Nada, um personagem coadjuvante não necessariamente tem personalidade fraca, isso apenas quer dizer que ele não terá o mesmo foco de um personagem principal. E imagino que essa seja a ideia dos produtores, não estamos diante de uma série solo como Arrow, Flash ou até mesmo Demolidor, essa é uma série sobre um grupo. Em um grupo todos tem que dividir a atenção para que funcionem bem e esse será o desafio para a série, fazer com que personagens tão diferentes funcionem juntos. O que posso fazer aqui é dar meus parabéns a Greg Berlanti, Andrew Kreisberg, Marc Guggenheim, Sarah Schechter, Chris Fedak e Phil Klemmer, os produtores da série, por conseguirem tirar do papel um projeto de qualidade da DC sobre uma equipe de heróis (Temos Esquadrão Suicida e Batman V Superman estreando em breve nos cinemas, mas LOT ainda está saindo na frente).

A equipe se une em um primeiro encontro - Foto Reprodução Episódio

O meu ponto é que o episódio deve ser encarado pelo que ele é, um piloto, não um episódio de mid-season. Com esse ponto superado, é preciso reconhecer que obviamente existem problemas na narrativa. Os diálogos e interações são realmente simples e não há muita profundidade no episódio em si. Quanto mais personagens em tela, mais difícil fica alcançar todos e destacar suas individualidades, mas ainda teremos muito chão pela frente para ver esses aspectos serem trabalhados.

Enquanto Arrow e Flash se utilizam muito da premissa do super-herói e sua equipe de ajudantes, Legends of Tomorrow traz novos componentes ao já estabelecido padrão das séries da CW, agora misturando a essa receita elementos de ficção científica, até mesmo com um leve ar da série Doctor Who, com toda a questão da viagem temporal.

Nesses novos ares, Rip Hunter chega para unir os diferentes indivíduos, servindo como um bom líder de equipe (pelo menos inicialmente). Inteligente e bastante centrado, o personagem faz os novos integrantes da equipe acreditarem que foram escolhidos por serem lendas no futuro, mas é revelado, mais adiante, que a motivação é diretamente oposta. Após perder seu filho para Savage, Hunter procurou por pessoas que não produziram grandes alterações na história e que poderiam enfrentar o vilão.

Rip Hunter, o mestre do tempo, volta a 2016 para impedir os planos de Vandal Savage - Foto Reprodução Episódio

Isso, para mim, só deixa o personagem ainda mais interessante, pois ele não só tem a motivação de alterar a história para melhor, como também tem contas pessoais para certar com Savage, além de abrir uma gama de novas possibilidades para o universo das séries da DC. Acredito que haverá uma perseguição de extremas proporções e que exigirá muito de todos os envolvidos, principalmente de Rip.

Um ponto que chamou a atenção no episódio e que certamente terá que ser cuidadosamente desenvolvido, é a dinâmica entre os personagens. Particularmente Snart e Mick Rory serão um grande ponto de disrupção no grupo, enquanto todos os outros são heróis, os dois representam o lado problemático do todo, mas será divertido ver seus interesses indo de encontro aos de Rip e como ele lidará com isso. Kendra e Carter também são uma boa adição ao time, a relação direta que ambos tem com Savage poderá produzir diversos momentos mais intensos entre eles.

A participação de Sara em Legends of Tomorrow também será algo a se notar. Ainda na quarta temporada de Arrow, a personagem, que já havia falecido, foi trazida de volta a vida, mas isso não ocorreu sem um preço a pagar. Com o seu retorno, Sara voltou com uma sede de sangue incontrolável, que só é saciada quando a vida de um outro for tirada por ela. O intrigante será ver como ela lidará com esse impulso, enquanto tenta mudar suas convicções como a Canário Branco e até que ponto essa dualidade entrará no caminho da batalha contra Vandal Savage.

Surpreendentemente, a dinâmica entre Stein e Jefferson Jackson não foi a das melhores. Por quanto Stein tem muito a adicionar a toda equipe com seus elevados conhecimentos, da mesma forma que Ray, Jefferson parece não encaixar com o grupo. A participação de Nuclear sem dúvidas é um importante aparato, mas JJ ainda não aparenta ter encontrado seu lugar.

Savage pode vir a ser um problema na nova série da mesma maneira. São inúmeras suas fontes de inspiração nos quadrinhos e os produtores tem muito a trabalhar com ele. E é ai que existe o risco de que o personagem se torne muito complexo e a série muito rasa. Por mais que todo o seu plano de fundo seja interessante, Vandal Savage ainda não criou um link ou representou uma ameaça direta aos heróis, por isso, ainda que seja ameaçador, seu papel de vilão ainda tem muito a que ser explorado, o que deverá ser feito englobando sua relação com toda a equipe.

Conclusão:

No plano geral, Legends of Tomorrow tem grande potencial para crescer e muito a ser aproveitado. A dinâmica dos personagens e suas diferentes personalidades e falhas serão pontos críticos a serem desenvolvidos, devendo também ser avaliado qual o rumo que a série deverá tomar. É possível que uma narrativa mais leve e familiar como a de Flash ou mais sombria de Arrow não funcionem para LOT, precisando essa nova obra de algo mais voltado à ficção como Doctor Who. Nessa linha, a interação de Rip Hunter será essencial para ligar as viagens temporais com as características únicas de cada membro da equipe.

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