Power Rangers honra início da franquia nos cinemas com referências e nova mitologia


Inspirado na nostálgica série de TV, Power Rangers O Filme cria um novo universo nos cinemas, reintroduzindo a equipe clássica de jovens com garra escolhidos para proteger a Terra. Sob a direção de Dean Israelite e produção da Saban Brands, a produtora da série original de Power Rangers, o longa aproveita elementos marcantes da franquia e abre caminho para futuras adaptações hollywoodianas.

A trama segue cinco adolescentes estranhos entre si que acabam se vendo em uma situação na qual devem se unir para salvar a si mesmos e a vida de todo o planeta. A história começa quando Jason Scott (Dacre Montgomery), o ex-quarterback do time de futebol americano e garoto de ouro da cidade Alameda dos Anjos, agora descreditado em meio a comunidade, conhece o entusiasmado e peculiar Billy Cranston (RJ Cyler) durante as aulas da detenção.

Após breves eventos, os dois seguem para a mina de ouro da cidade a pedido de Billy, que acaba envolvendo uma das garotas populares da escola, Kimberly Hart (Naomi Scott), o solitário Zack (Ludi Lin) e Trini (Becky G.), a garota nova na cidade, em uma batalha de milhões de anos que decidirá o destino da Terra.

O prólogo do filme é o primeiro ponto positivo que pode ser apontado, pois, diferente da série de televisão que já apresenta os rangers sem mostrar mais da mitologia do que é um Power Ranger, o longa vai por um caminho mais bem pensado. E essa mitologia já começa a ser desenvolvida com uma cena inicial que, apesar de parecer confusa a primeira vista, revela a magnitude dessa equipe de heróis, que está ligada a todo um dever muito maior do que cinco jovens lutando para proteger sua cidade, revelando a existência de diferentes raças e ameaças que vão além da Terra.

Jason (Dacre Montgomery), Billy (RJ Cyler), Zack (Ludi Lin), Kimberly (Naomi Scott) e Trini (Becky G.) encontram as moedas do poder pela primeira vez - Foto por: Kimberley French - © 2017 Lions Gate Ent. Inc.

O interessante dessa abordagem, é que, ainda que o filme seja centrado na batalha local desses cinco adolescentes que acabam virando a nova equipe dos Power Rangers, é criada a primeira faísca para desenvolver um universo que tem abrangente potencial e há muito a ser explorado. Dito isso, o filme acaba pecando em explicar algumas pontas soltas, mas não há dúvidas que várias delas foram propositalmente deixadas para serem trabalhadas no futuro da franquia.

Outra questão de extrema importância, e que talvez seja o grande ponto de salvação de Power Rangers O Filme, é o fato de que esse não é um filme de super-heróis. É verdade que essa é uma história de origem e que funciona como ponto de introdução para uma franquia sobre jovens com poderes, mas só isso o faz ser um trabalho de super-heróis? Certamente que não.

Para aqueles que já conhecem o trabalho do diretor Dean Israelite em Projeto Almanaque, algo muito parecido pode ser percebido no novo filme dos Power Rangers. Todo o enredo do filme é voltado sobre os jovens e suas personalidades, existindo uma ligação deles a elementos de ficção científica que definem a ambientação da trama. Mais do que exibir lutas e batalhas de zords (que são extremamente pontuais no filme), há um foco sobre o que é tomar o manto de um ranger e sobre a existência dessa força e da ameaça desconhecidos.

Além disso, a caracterização dos jovens é muito bem feita. Em Mighty Morphin Power Rangers Jason, Billy, Kimberly, Trini e Zack tem personalidades engessadas com pouco desenvolvimento e sem enfrentar problemas do mundo real, o que não chega a ser ruim, considerando a época em que a série estreou e as circunstâncias da sua produção. Na adaptação de 2017, por sua vez, cada jovem possui dilemas muito atuais e personalidades bem aprofundadas que tem repercussões na trama.

Também não se pode tirar o mérito dos atores que interpretam os novos rangers, que, apesar de não serem grandes nomes de Hollywood, desempenham seus papéis com bastante entusiasmo e personalidades cativantes, em especial RJ Cyler como Billy, que traz um tom cômico e descontraído para a história.

Elizabeth Banks vive a ameaçadora, louca e caricata Rita Repulsa no longa - Foto por: Kimberley French - © 2017 Lions Gate Ent. Inc.

Bryan Cranston no papel de Zordon é outro grande surpresa positiva, considerando sua participação na série de 93 ao dar voz a alguns dos vilões. Já Elizabeth Banks como Rita Repulsa traz bastante vida à personagem, mantendo seus trejeitos caricatos e uma personalidade um tanto esquisita e única que ajuda o filme a manter um tom mais leve.

Por mais que o longa seja construído com grandes acertos, ainda possui problemas pontuais. Em alguns momentos cruciais, é sensível a falta de sons ou uma música adequada para ajudar a dar intensidade às cenas de ação, assim como há músicas mal colocadas em situações que apenas uma boa edição de som resolveria. No mais, alguns fãs podem sentir faltas de mais lutas, já que há bastante desenvolvimento da história, o que não é um defeito de forma alguma.

Power Rangers O Filme consegue, assim, dar nova vida ao mundo já conhecido dos rangers, inserindo uma boa quantidade de referências para antigos fãs, além de criar um ambiente propício para que novos fãs conheçam a franquia, preparando, ainda, um leque de positivas possibilidades.

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