Matéria por - Raphael Maiffre
Para quem não conhece a TOEI Company (que será a abordagem dessa matéria), vai aqui um pequeno resumo do que é esta grandiosa produtora japonesa.
Fundada em 1957, a TOEI é um dos mais importantes estúdios cinematográficos do mundo, e foi ele que criou grandes sucessos, sejam Tokusatsus e Animes. Só pra citar algumas das produções dele, tivemos "Cavaleiros do Zodíaco", "Dragon Ball", "Cyborg 009", "Kamen Rider" e os conhecidos Super Sentais. A lista é imensa, e se fossemos parar para colocá-la aqui, teríamos que fazer um outro post para detalhar cada uma das obras primas.
A produtora, como qualquer outra existente, passou por maus bocados e em alguns momentos viu suas franquias mais rentáveis irem por água abaixo, como foi o caso dos "Metal Heroes". Por pouco não aconteceu o mesmo com os "Kamen Riders" em meados da década de 90. Para poder se reerguer, ela precisou se reinventar e utilizou diversos recursos, entre eles adaptar suas séries originais para o mercado Norte-Americano. Os "Power Rangers", produção da Saban em parceria com a TOEI, foi um achado de ouro, e conseguiu manter até hoje o sucesso dos "Super Sentais". Há quem ache o contrário, mas a meu ver, os "Sentais Norte Americanos" tem uma parcela de importância na trajetória da produtora nipônica. No ano 2000 (um pouco mais perto de nós) foi ao ar "Kamen Rider Kuuga", um divisor de águas no gênero Kamen Rider e também dentro do universo Tokusatsu. Começava ali uma nova era do entretenimento.
Kamen Rider Kuuga, o primeiro Rider da era Heisei |
Os seriados que surgiram nos anos 2000 eram completamente diferentes dos que foram exibidos nas décadas de 80 e 90. Obviamente, isso é devido ao fato de termos um público totalmente novo e que ansiava por produções mais bem boladas e efeitos especiais de ponta. Não era mais admissível, por exemplo, ver cabos segurando os personagens ou maquetes super mal-feitas (Não digo que eram ruins para a época, mas para o momento, eles não iriam servir mais). Os Tokusatsus tomaram força novamente. Tivemos também a volta dos Ultraman da "Tsuburaya", nem que fosse por pouco tempo. De 2000 para 2006, os Tokusatus da TOEI começaram a deixar de lado as tramas mais sérias e violentas (que se estenderam de Kuuga até Hibiki), e passaram a adotar estilos mais cômicos e caricatos em suas personagens, desconstruindo assim, todo um conceito anterior. Com os Sentais não foi diferente, por exemplo, tivemos um belíssimo trabalho em "Boukenger" e um péssimo Toku que foi "Go-Onger".
Para começar a agradar os fãs novamente, a TOEI se utilizou de uma formula antiga: Filmes e Filmes com Crossovers. Os primeiros filmes com Crossovers ou filmes propriamente ditos dos seus seriados eram em sua grande maioria curtos ou não tinham grande impacto na mídia local, eram apenas uma forma de estender a série em questão por mais algum tempo (talvez para poder vender mais brinquedos, não sei). O interessante é que eles eram bem bolados (claro que com alguns falhas, mas bem bolados) e tinham uma mensagem coerente para passar ao público. Tivemos excessões, como foi o caso de "ZX", "Shin", "ZO" e "J", criados para serem somente filmes.
O mundo Tokusatsu começou a se estabilizar e ficou em um estado onde não iria crescer mais e também não teria como despencar. O investimento nas séries, nas linhas de brinquedos, dentre outras coisas, relacionadas aos heróis japoneses se tornou algo monstruoso! Uma amiga minha teve a oportunidade de visitar o Japão ano passado e viu como os Tokusatsus estão a tona novamente, não tanto quanto os Animes, mas estão a todo vapor.
De 2007 para cá tivemos uma enxurrada de filmes e especiais dos Riders e Sentais, tantos que na maioria das vezes chegavam a enjoar e cansar os fãs. A exemplo o "Kamen Rider Den-O" que foi tão reaproveitado e que acabou perdendo o seu brilho, e dificilmente será tão marcante quanto foi "Black" ou "Faiz".
Não podemos exigir muito de uma produtora que é voltada somente para o público infanto juvenil, porém tivemos trabalhos excelentes, como "The First" e "The Next", que se fossem levados mais para frente, poderiam ter tido uma repercurssão muito maior do que a que tiveram nos respectivos anos de lançamento. Foram filmes a parte, e por serem a parte, foram destacados pela qualidade das suas produções.
O fraco filme de 2011 "Let's Go Kamen Riders" |
Em média, a TOEI lança de quatro a cinco filmes por ano, um número bastante interessante para uma produtora que está visando cada vez mais lucros exorbitantes, mas no meio dessa "Montanha Russa" de filmes, muitas coisas podem dar errado. O pior e mais marcante problema que a TOEI vem empurrando com a barriga nos últimos tempos são os roteiros ruins e recicláveis, histórias que algumas vezes pecam na sua montagem e acabam decepcionando uma legião de fãs. Um exemplo nítido de uma produção que tinha tudo para dar certo e deu errado foi o filme "Let's Go Kamen Riders" de 2011, que tinha um fardo gigantesco nas costas: Comemorar os 40 anos da franquia dos Kamen Riders. O péssimo roteiro e personagens colocados de forma aleatória contribuiram para a péssima repercurssão do filme, que só foi salvo (se pode assim dizer), pela cena final do longa, onde os Riders se reúnem.
Entretanto, existem vezes que eles também acertam. Em "Gokaiger Vs Gavan" tivemos uma história convincente, e o retorno de um dos maiores heróis japoneses de todos os tempos, o detetive espacial Gavan, interpretado pelo carismático Kenji Ohba. A parte triste é que se formos pesar, tivemos mais erros do que acertos nos últimos tempos: Filmes chatos e pobres em história ou até seriados que ficaram repetitivos. Mas, como eu disse, uma vez ou outra temos obras primas, como: "Gokaiger", "Boukenger", "Kamen Rider Faiz", "Kamen Rider Kiva" e "Shinkenger".
O meu medo é o rumo que a TOEI vem tomando. Filmes surgindo a todo instante, personagens sendo reutilizados a cada tomada e enredos fracos, para não dizer pobres. Espero que o próximo filme do "Gavan" seja exatamente o contrário de tudo que eu abomino. E queria de verdade que a produtora tomasse uma outra postura com os seus fãs: Respeitar a história e reinventá-la de forma coerente e bem feita.
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